KEY LARGO – UM MAR DE AVENTURAS

Sair de Miami em direção a Key West é se munir de disposição para o encontro com o mais belo da natureza. Mar caribenho e clima agradável, passando por pontes enormemente compridas inevitável se faz o pensamento sobre os grandes escritores que viveram nesse ambiente que cheira a Cuba. Lugar ideal para a preguiça encantada por um charme cubano, com águas transparentes, o único compromisso sagrado é o de celebrar o pôr do sol.

E se jogar ao encontro de animais e plantas marinhas como fazem os pássaros. Com o período curto de apenas três dias, a opção desta vez foi se hospedar em Key Largo, mais perto, e ficarmos ali desfrutando do serviço e acomodações do Coconut Bay resort já explorado em outras ocasiões. Presente de aniversário para esta vovó sedenta de encontro familiar e redescobrindo a magia da vida com a neta, encontro este permitido com as bênçãos da Mãe Natureza pois nesta época do ano os furacões insistem em nos ameaçar. Mar, piscina, cafés e refeições ao ar livre feitas ali nessa nova casa, e espiados apenas por iguanas, lizeards , pássaros ou algum peixe que se aventurasse a voar sobre as águas com esse intuito.

A imaginação infantil e fértil se aflorou e me contaminou, nesse clima que inspirou a genialidade de Ernest Hemingway e Tennessee Williams em algumas de suas obras e que deve ter amenizado suas tormentas noturnas em suas sofridas existências. Assim, meu papel desta feita foi da vovó da Moana, a Vovó Tala, amor maior… Longe de castelos e príncipes encantados, longe das Catherines Barkley de Ernest, longe das Blanches de Tennessee, ela – Moana – personagem da minha neta, desbrava mares em seu caiaque sentindo um chamado interno muito forte. Aventureira, persistente e conectada com o mar, se descobre forte e determinada. Enfrenta seu pai e os monstros para ajudar seu povo. Morena linda de cabelos crespos molhados pelo mar.

Modelo feminino contemporâneo!  E nesta viagem ilusória, teatral, de caiaque preso na areia, Vovó Tala entrega o coração de TeFiti a Moana… e eu entrego o meu coração para você minha little girl!  Dias intensos e preciosos em personagens tão apropriados para o lugar. Em nossas mentes a música do filme…”vê a luz onde o céu encontra o mar…ela me chama…  Um dia saberei quão longe poderei ir…”

Marriages…

Vênus, nascida da espuma do mar…

Hera e Zeus, deuses do casamento

Dote…fertilidade…

fidelidade…obediência…liberdade…amizade…romance…negócio…pacto. Desde a Grécia antiga a união entre duas pessoas envolve negócio, que define a sua durabilidade. Casamento romântico, casamento de aparência, casamento forçado, casamento entre diferentes, casamento entre iguais, casamento aberto, casamento consigo mesmo … tantas definições para conviver diariamente com o outro, mesmo que o outro seja eu mesma…minha outra metade. Pactos! Acordos! E de preferência assinados em cartórios…para garantia dos direitos de cada um. Segurança emocional, seguir a boiada, amor,

sexo, seguro saúde, controle do outro, filhos, viver uma experiência, bancar o outro, ser bancada, herança, paixão…motivos diversos que enfeitam a relação, conscientemente ou não. E que vêm a tona na maioria das separações. Os patrimônios variam nas épocas, em regiões, em bolhas na internet…Neste pedaço de terra o maior patrimônio é o documento…documento para se tornar um cidadão legal. O casamento pode ser de mentira…mas quem não se apaixona por aquela pessoa que lhe dá toda a riqueza deste mundo? Mesmo que essa paixão dure o tempo necessário para conseguir o greencard ou a cidadania! O processo é lento, difícil e nem sempre certo de se obter êxito. Mas aqui é clara a intenção…e preferencialmente com todo o amor! Fraudes se tornaram mais raros pela pressão do governo atual.Teresa, brasileira, viveu 7 anos com um americano para ter assegurada a sua cidadania…nos últimos dois anos sua vida foi um inferno, se apaixonou por outro, também brasileiro… ilegal. Saídas furtivas pela tarde, encontros mesclados de medo e sexo…motéis baratos. Em casa, a doçura e a entrega mentida. Agora, já cidadã, abandonou o marido … Está tão feliz por dividir um apartamento com seu novo amor! Assim que sair o divórcio vai aplicar para o greencard do seu companheiro atual…e quem sabe…a cidadania dele regue esse casamento por muitos anos!

Sua filha brinca com a minha neta na areia tão branca da praia e na espuma do mar…

Miami Design District

Miami Design DistrictMais de quinze anos atrás, Craig Robins, empreendedor e nativo de Miami, reconheceu o potencial do Miami Design District e começou a adquirir e redefinir propriedades na área. Através de estudo cuidadoso, o Design District começou a apresentar marcas de design com coleções de arte internacionalmente importantes, instalações de arte e design fenomenais, permanentes e temporários, além de ótimos restaurantes. Localizada centralmente em Miami e culturalmente na vanguarda da indústria criativa global juntaram empresários para transformar a visão de desenvolvimento de varejo e experiências de varejo de luxo que os consumidores mais exigentes ensaiavam – todos ao norte do centro da cidade e a menos de 10 minutos de South Beach, em um ambiente amigável para pedestres.

 

 

O Museum Garage é uma obra de arte, com sete andares de altura, capacidade para 800 veículos e apresenta o trabalho de cinco arquitetos e designers de reconhecimento mundial. A Garagem Museum não servirá apenas como estrutura de estacionamento, mas o espaço de uso misto receberá mais varejistas no Distrito. O estacionamento no Museum Garage começa em US $ 3,00 para cada 4 horas e está para ser inaugurado.

Outro Edifício Garagem com arte:

LIVE HEDGES OF PITANGAS (brazilian cherry)

                         

Linda frutinha vermelha…pitanga! Nome científico : Eugenia uniflora. Nome popular : Pitanga vermelha. Cerejeira brasileira. Origem : matas dos Estados de Minas Gerais até Rio Grande do Sul. Hoje é cultivada na América Central, Antilhas, China, Tunísia, Flórida, Califórnia e Hawaí.

 Seu nome vem do tupi-guarani, que significa vermelho. Sua polpa é agridoce e perfumada. Escassa nos supermercados, na sua safra , despencam aos montes ,  das árvores.

Em Miami enfeitam as cercas vivas. Aparadas as pitangueiras , seus frutos teimam em nascer escondidinhos entre as folhas talvez para fugir do sol.

No Brasil , quem não se deliciou aos pés de uma pitangueira, ou de uma amoreira… melhor, se lambuzou?

Em Miami somente os brasileiros reconhecem essa preciosidade. Os demais passam por elas tolamente ignorando-as. E assim nos reconhecemos aos seus pés, literalmente.

Conversas adoráveis cheias de saudades do Brasil, receitas, troca de números de celulares, amizades criadas …colhendo pitangas!  Quando estão fora de temporada fazem uma falta danada.

Minha neta já aprendeu essa lição …e todos os dias, ao sair da escola cercada por pitangueira, procura comigo algum vestígio dela, já que não é temporada. Saudades do seu cheiro…da sua cor vibrante …dos amiguinhos feitos ali, ao seu redor…

E entusiasmada com a ideia de me ajudar na deliciosa receita da geleia . Precisamos colher muitas pitangas…muitas! Lavá-las bem! Tirar seus cabinhos!

Vovó cozinha com açúcar de coconut, separa as sementes. Depois de fria, hora de colocar em potes e geladeira.

Pronta para ser saboreada, em pequenas doses para não acabar o encanto, e oferecida por ela, que será a dona da receita.  Resta alimentar esse sonho com outras receitas feitas a quatro mãos… gelatinas, bolos de cenoura…pão de queijo…brócolis…enquanto elas não surgem, milagrosamente!

Milagre da vida…my little girl!

 

HOMELESS

HOMELESS

Ao caminhar por dowtwon Miami, aonde aluguei apartamento, o encontro com homelles é constante, pontual e de certa forma familiar. São muitos, reconheço rostos e seus espaços. Só não os diferencio pelo cheiro da urina forte que carregam junto com suas mochilas, sacolas, malas…Um deles me chama a atenção, usa um chapéu tipo cangaceiro, não tem odor ruim e passa o dia sentado num banco na R  Fittipaldi com Brickell, um pouco mais distante,  mas meu trajeto diário.  Sob o sol forte sua pele se bronzeia. É educado e me diz good morning diariamente quando passo. Com um sorriso…O encontro várias vezes no Publix. Comprando? Ou procurando por ar condicionado? Seu olhar é doce, e as vezes me pergunto , estará pensando em alguém? Não me parece embriagado, tampouco drogado. Quase amigo, infantil. Me pego preocupada quando desaparece.

Embaixo do meu prédio tem um senhor, fala bastante  e não te deixa só na espera do Uber . Não incomoda. Outro que caminha muito no Byfront e tem as pernas muito grossas e pesadas, geralmente fica sem camisa a se bronzear. São muitos rostos diurnos e outros tantos noturnos. Encontros inesperados no Metromover…e cada um carregando suas histórias em sacolas plásticas. Pela noite se enfiam nos buracos das entradas das lojas e sob as marquises….Fazem sua cama e conversam nos celulares. Recebem pizzas inteiras dos moradores mais sensíveis.

Convívio mais harmonioso e nada violento se comparado com os mendigos no Brasil. Embaixo das muitas pontes alguns conversam com seus vizinhos sentados em sofás. Outros desmaiam depois da bebedeira, outros têm olhar desafiador, outros te encaram. Mas caminho tranquilamente entre eles, não tem assalto, nem pavor, mesmo com algumas exceções.

Apenas desconforto por não entender…da vida!

Uma senhora bem vestida fez moradia perto do Miami Dade College há algum tempo. Sentada numa cadeira de rodas com guarda sol, era bem quista por todos. A polícia a removeu várias vezes, mas sempre voltava. Sumiu…  tento apagar a sua imagem da minha memória.

Na maioria são solitários e raramente se sente cheiro de desejo no ar. São muito carinhosos com as crianças  e tentam um contato mais próximo sempre evitado.  Como aquela mulher que caminhava em nossa direção, com uma mala. Se aproximou com um sorriso e, falando com minha neta abriu essa mala. Dentro, um brinquedo de pelúcia da Banana de Pijama, grande e ainda embalado por plástico. Gentilmente e desapegadamente deu a Banana  para a minha neta, já encantada pelo novo boneco. Assim…este companheiro de pelúcia é o seu predileto. O arrasta pela casa pelo dia…e o abraça fortemente pela noite ao dormir. Eu agradecida pelo acaso… pelo inesperado… pelo surpreendente! Pelo único momento…Que seus sonhos sejam doces querida homeless!

Vovó Loira

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HURRICANES

HURRICANES

Morar na Flórida implica se familiarizar com o clima quente, úmido e ter sempre na mochila ela, a sombrinha! A chuva chega a qualquer momento e geralmente é passageira. A sensação calorenta gruda no corpo através da roupa. Ao contrário do ar condicionado presente e constante, além de necessário nos lugares fechados. Essa mistura de temperatura causa choque para quem não é familiarizado. Nada comparado com aquele provocado pelo anúncio de furacão a vista. Principalmente pelo último que vivenciei  o Irma, em setembro de 2017. Estoques vazios nos supermercados, estradas cheias, escolas fechadas. Medo e indecisão. Passagens aéreas? Impossível. E correr para onde? A cada minuto notícias da mudança de sua violenta rota. E ordem constante de evacuar. A preocupação maior não é a sua sobrevivência, mas querer a imprecisa segurança para as crianças, animais, idosos…Como enfrentar a estrada com minha neta, mais seu gato, e todos nós? Correr para Tampa? Orlando? Ficar em downtown Miami? Na casa de amigos? Shelter? Duas semanas antes de sua chegada já tínhamos traçado vários planos, com seus riscos. Um dia antes tudo estava confuso. Amigos que iriam ficar na cidade…fugiram. Começa aí o desespero! Verificar a segurança na escada de incêndio do prédio, pensar em subir 15 andares todos os dias depois de sua passagem por falta de energia, e portanto sem elevador, visitas desesperadas a abrigos, telefonemas para amigos ou fugir…E as ratazanas? Subiriam 15 andares para não nos deixar sozinhos e dividir nossa comida? Bem, chega o tão temido dia… A melhor escolha é ficar entre amigos, e nisto as pessoas se abraçam, de qualquer nacionalidade, quem dera os brasileiros. Rumo então para um lugar um pouco mais distante do mar. Fomos todos, cinco, mais gato. Nos trancamos e desfrutamos de aflições. Também de longas conversas e com outras pessoas.  O céu tão azul vira negro, as árvores balançam num som feito de vento que aumenta o seu volume, os pingos viram chuva intermitente, a energia acaba.

Resta dormir. Assim ficamos dois dias, muita angústia e falta de notícias. Como ele chegou, também se foi. A energia sim, ela demora semanas para voltar na maioria dos lugares. O ar condicionado também. Os enlatados substituem as frescas comidas nos primeiros dias…E lentamente os supermercados se abastecem. Lembranças boas da hospitalidade, tristeza compartilhada pelos estragos no jardim. Nos salvamos, resta agradecer! A corrente do bem para consertar telhados, janelas…vizinhos comemorando a vida, e limpando. Minha neta? Amou tudo! O acampamento, as brincadeiras, a atenção de todos,,, e como seu gato…querendo mais…Folia na sua ingenuidade. E muito love!! Com muita atenção de todos, sem nenhum celular a vista para atrapalhar o convívio. Simples assim…with love!!

Vovó Loira

WHAT DO I DO NOW?

“WHAT DO I DO NOW?

In this big world…

Grandmother and little girl..

Como muitos ela (vovó)  estava decidida…mudar de país…Miami, right here…Maiami, logoly…

Aposentada no Brasil foi se reinventar e desfrutar da companhia da neta, presente divino e motivador . Sabedora das dificuldades que iria encontrar , mas determinada a vencer! Tirando o impacto com o valor real do real e sua desvalorização frente ao dólar forçando a busca  por emprego de imediato, a dificuldade com a língua lhe causou desconforto imensurável. Não somente nas entrevistas em que não entendia nada do que lhe era dito ( contrariando a idéia de que o Spanish seria a língua dominante ) , mas principalmente nas preciosas horas de convívio com a neta. Essa menina encantadora de três anos também estava engatinhando no be- a- bá.  

Encontro de aprendizagem mútua…Vovó aprende inglês…neta aprende inglês, espanhol e português. Em casa seus pais falam português e inglês, na escola seus amigos falam espanhol e a professora … inglês. E a vovó fala português misturado com inglês e espanhol. Mas a pequena menina optou pelo inglês, lhe é mais confortável dentro desse caos. Demorou pouco para se soltar falando um inglês pontuado por frases ainda incompletas , mas entende sua avó nas conversas em português.

A sua repetição tão importante nessa fase é perfeita. E a idade lhe favorece. Diferente da avó , que repete sete vezes a mesma palavra, e cinco minutos depois já não a lembra.

Conselho da fono: não misturem português com um inglês mal falado, é melhor  conversar em português somente. E diante desse conselho a avó tenta não misturar, mas a neta inverte, e tenta lhe ensinar.

Oi ! Hello ! Sorry ! Welcome! Pool! Beach ! I’m sad ! Toys ! Monster ! My Good! Vovó precisa aprender inglês !!! Que nó ! What do not ! What do I do now????

A vovó tem cartas na manga, tem sabedoria e histórias, supera obstáculos com mimos bem administrados e infinito afeto…amor profundo! Cantar, dançar cantigas de roda, banhos, ler livros, pular corda, pintar… juntas…with love!!!!

A linguagem é a do amor!!!”

Vovó Loira