HURRICANES

HURRICANES

Morar na Flórida implica se familiarizar com o clima quente, úmido e ter sempre na mochila ela, a sombrinha! A chuva chega a qualquer momento e geralmente é passageira. A sensação calorenta gruda no corpo através da roupa. Ao contrário do ar condicionado presente e constante, além de necessário nos lugares fechados. Essa mistura de temperatura causa choque para quem não é familiarizado. Nada comparado com aquele provocado pelo anúncio de furacão a vista. Principalmente pelo último que vivenciei  o Irma, em setembro de 2017. Estoques vazios nos supermercados, estradas cheias, escolas fechadas. Medo e indecisão. Passagens aéreas? Impossível. E correr para onde? A cada minuto notícias da mudança de sua violenta rota. E ordem constante de evacuar. A preocupação maior não é a sua sobrevivência, mas querer a imprecisa segurança para as crianças, animais, idosos…Como enfrentar a estrada com minha neta, mais seu gato, e todos nós? Correr para Tampa? Orlando? Ficar em downtown Miami? Na casa de amigos? Shelter? Duas semanas antes de sua chegada já tínhamos traçado vários planos, com seus riscos. Um dia antes tudo estava confuso. Amigos que iriam ficar na cidade…fugiram. Começa aí o desespero! Verificar a segurança na escada de incêndio do prédio, pensar em subir 15 andares todos os dias depois de sua passagem por falta de energia, e portanto sem elevador, visitas desesperadas a abrigos, telefonemas para amigos ou fugir…E as ratazanas? Subiriam 15 andares para não nos deixar sozinhos e dividir nossa comida? Bem, chega o tão temido dia… A melhor escolha é ficar entre amigos, e nisto as pessoas se abraçam, de qualquer nacionalidade, quem dera os brasileiros. Rumo então para um lugar um pouco mais distante do mar. Fomos todos, cinco, mais gato. Nos trancamos e desfrutamos de aflições. Também de longas conversas e com outras pessoas.  O céu tão azul vira negro, as árvores balançam num som feito de vento que aumenta o seu volume, os pingos viram chuva intermitente, a energia acaba.

Resta dormir. Assim ficamos dois dias, muita angústia e falta de notícias. Como ele chegou, também se foi. A energia sim, ela demora semanas para voltar na maioria dos lugares. O ar condicionado também. Os enlatados substituem as frescas comidas nos primeiros dias…E lentamente os supermercados se abastecem. Lembranças boas da hospitalidade, tristeza compartilhada pelos estragos no jardim. Nos salvamos, resta agradecer! A corrente do bem para consertar telhados, janelas…vizinhos comemorando a vida, e limpando. Minha neta? Amou tudo! O acampamento, as brincadeiras, a atenção de todos,,, e como seu gato…querendo mais…Folia na sua ingenuidade. E muito love!! Com muita atenção de todos, sem nenhum celular a vista para atrapalhar o convívio. Simples assim…with love!!

Vovó Loira

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