Califórnia – sonho ou realidade – 3

A Califórnia é uma região muito instável e propensa a tremores de terra, e os homens já tremeram junto e temeram pela vida os que ficaram. Uma terra que está sempre em movimento com as oscilações do planeta, sempre na espreita de que algo possa ocorrer, e a solução é cuidar do hoje, o amanhã virá de qualquer forma. E logo no início a Paz dos indígenas, como em toda a América, foi abalada com os conquistadores que chegavam e a primeira intenção sempre catequizar – oferecer os primeiros ensinamentos ou incentivar a cooperação em alguma prática – ou eliminar as barreiras a qualquer preço. Assim começa a procura por algo diferente neste mundo, uma busca eterna. Se conformar com a situação dialética ou procurar algo que seja diferenciado da normas comuns de vida, ou seja, o caminho espiritual concreto e não aparente.

Pesquisando vemos que um dirigente da primeira igreja de Cristo em Sacramento imaginou em 1849 uma Califórnia desenvolvida como a Nova Inglaterra, onde fica Boston: com pântanos drenados, casas de fazenda nos vales, flores desabrochando onde via o grande árido próximo de San Francisco. E imaginava que todas as pessoas iriam para a Califórnia, seria o centro do mundo. Um sentimento idêntico teve um dos pioneiros de outro movimento religioso: sem paralelo na história do mundo é a marcha do progresso na Califórnia. Uma terra degradada em termos de civilização se recuperou muito rapidamente. Outro dirigente religioso também previa a Califórnia como um Novo mundo no século 19, exercerá grande influência e duradoura com suas montanhas, algo mais precioso que seu ouro. E outros mais.

E de outro lado havia a necessidade da liberdade dos negros, tentações pelos focos de ouro com presença de muitos aventureiros. E como sempre a falta de união das pessoas. Surgiu a Universidade da Califórnia – Berkeley e a Universidade do Pacífico sempre influência de movimentos religiosos.

Os Franco maçons (freemason) também se posicionaram na Califórnia. A Sociedade Teosófica fundada em New York em 1875 chegou na Califórnia em 1900. Blavatsky viajou o mundo estabelecendo sua escola enfatizando a necessidade da educação e Paz mundial, e mudando a sede mundial para a Califórnia. Estabeleceu ainda a Escola RajaYoga, Universidade Tesófica e uma escola para reviver os mistérios perdidos da antiguidade.

Em 1903, Max Heindel estava trabalhando em Los Angeles e se ligou a Teosofia. Algum tempo depois Max Heindel teve a visão interior de que o caminho não era esse e começou seu próprio trabalho. E construiu o Templo da Cura para o trabalho da Ecclésia. Isso foi em 1920 e próximo de Los Angeles onde Max Heindel já tinha comprado terras. Nesse templo eram feitas as reuniões de cura em horários determinados, para auxilio de muitos seres, a humanidade.

Também na Califórnia fica a sede da AMORC trabalho focado no rosacrucianismo e levada para a América por Harvey Spencer Lewis. Ele assumiu a responsabilidade de reativar a Ordem Rosacruz na América do Norte. Sob sua orientação foi construído o Parque Rosacruz em San José, Califórnia. Seu filho e sucessor, Ralph M. Lewis, foi o responsável pelo florescimento da AMORC no mundo inteiro.

Ojai

Considerada uma cidade espiritual e localizada também na Califórnia. Tem atualmente uma infinidade de retiros religiosos. Cidade com influência de Aldous Huxley e Jiddu Khrisnamurti.

Em 1927 Anie Besant da Teosofia comprou terras em Ojai onde queria construir um centro espiritual. Ela sentia que Ojai era o Centro magnético do Universo. Criou a High School Happy Valley em Ojai para ensinar os alunos a pensar, não o que pensar. Dizia ela: por meio de símbolos que o homem pensa, e depois, pouco a pouco, transforma  com imperfeição os símbolos em palavras.  E mais: Ó vida oculta que vibra em cada átomo, ó luz oculta que brilha em cada criatura, o amor oculto que tudo abrange na unidade. A Escola hoje chama-se Annie Besant.

Khrisnamurti chegou em 1922 na Califórnia trazendo seu irmão muito doente para se curar em Ojai. Infelizmente não foi feliz com a iniciativa e seu irmão faleceu em 1925. Khrisnamurti passou por uma crise sem precedentes nesse período que o levou a um estado de grande visão e abertura interior. Em 1925 ele dissolveu a ordem que comandava ainda jovenzinho:

Organizações não podem torná-los livres. Nenhum homem de fora pode torná-los livres; nem o pode o culto organizado, nem a imolação de vocês mesmos por uma causa os torna livres; nem enfileirando-se em uma organização, nem lançando-se em trabalhos, os torna livres. Vocês usam uma máquina de escrever para escrever cartas, mas vocês não a colocam em um altar e a adoram. Mas é isto que vocês estão fazendo quando as organizações tornam-se seu principal interesse.

“Quantos membros ela tem?” Esta é a primeira pergunta que me fazem os jornalistas. “Quantos seguidores você tem? Pelo número deles julgaremos se o que você diz é verdadeiro ou falso”. Não sei quantos eles são. Não estou preocupado com isso. Como disse, se houvesse mesmo um que se tenha tornado livre, isso seria suficiente.

De novo, vocês têm a ideia de que somente determinadas pessoas possuem a chave do Reino da Felicidade. Ninguém a possui. Ninguém tem a autoridade para possuir tal chave.

Então vocês verão como é absurda toda a estrutura que vocês construíram, procurando ajuda externa, dependendo de outros para o seu consolo, sua felicidade, para sua força. Estes somente podem ser encontrados dentro de vocês mesmos.

Vocês estão acostumados a que lhes digam o quanto vocês avançaram, qual é sua posição espiritual. Quanta infantilidade! Quem além de você mesmo pode dizer se você está bonito ou feio por dentro? Quem além de você mesmo pode dizer se você é incorruptível? Vocês não são sérios nessas coisas.

Mas aqueles que realmente desejam compreender, aqueles que estão tentando encontrar o que é eterno, sem começo e sem fim, caminharão juntos com uma intensidade maior, serão um perigo para tudo que não seja essencial, para fantasias, para obscuridades. E eles se concentrarão, eles se tornarão luz, porque compreendem. Tal união nós devemos criar, e este é o meu propósito. Por causa dessa real compreensão, haverá verdadeira solidariedade. Por causa dessa verdadeira solidariedade – que vocês não parecem conhecer – haverá verdadeira cooperação da parte de cada um. E isto não devido à autoridade, não por causa da salvação, não devido à imolação por uma causa, mas porque vocês realmente compreendem, e então são capazes de viver no eterno. Isso é uma coisa mais elevada que qualquer prazer, que qualquer sacrifício.

Essas são, portanto, algumas das razões porque, após cuidadosa consideração durante dois anos, eu tomei esta decisão. Não foi um impulso momentâneo. Não fui persuadido a isso por ninguém. Não me persuadem em tais coisas. Durante dois anos tenho pensado sobre isto, morosamente, cuidadosamente, pacientemente, e agora decidi dissolver a Ordem, uma vez que aconteceu ser eu seu Dirigente. Vocês podem formar outras organizações e esperar por outra pessoa. Não estou preocupado com isso, nem com a criação de novas prisões, novas ornamentações para esses cárceres. Meu único interesse é tornar o ser humano absolutamente, incondicionalmente livre.

Uma pequena ideia dos trabalhos espirituais e de preparação para um trabalho maior de libertação do eterno, desenvolvido na região da Califórnia.

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