Mente, meditação, Paz, auto-conhecimento

Khrisnamurti nos brinda com mais auxílio:

Uma mente torturada, frustrada, moldada pelo que a rodeia, que se conforma à moral social estabelecida é, em si própria, confusa; e uma mente confusa não pode descobrir o que é a Verdade. Para a mente descobrir esse estranho mistério — se tal coisa existe — ela precisa de construir as bases de uma conduta moral, o que não tem nada a ver com a moralidade social, uma conduta sem medos e, portanto, livre. Só então — depois de lançada esta base profunda — a mente poderá prosseguir no sentido de descobrir o que é meditação, essa qualidade de silêncio, de observação, no qual o “observador” não existe. Se esta base de conduta correta não está presente na existência de cada um, na sua ação, então a meditação tem muito pouco significado.

Meditação é o perceber total de cada movimento do pensamento, e jamais negação dele; quer dizer, é deixar cada pensamento “florescer” livremente: pois só em liberdade pode o pensamento “florescer” e terminar. Assim, com esse trabalho (se isso se pode chamar “trabalho”) ou, melhor, com essa observação, a mente tudo compreende. Está então quieta, sabe o que realmente significa “estar quieta”, estar verdadeiramente tranquila.

A paz é essencial, porque só na paz pode o indivíduo florescer em bondade e beleza. Essa possibilidade só existe quando somos capazes de escutar o todo da existência, com todas as suas agitações, aflições, confusão e angústias — escutá-lo, simplesmente, sem nenhum desejo de alterá-lo. O próprio ato de escutar é a ação que operará a revolução.

O autoconhecimento não pode ser aprendido de outrem. Eu não posso lhes dizer o que ele é. Mas pode-se ver como a mente opera, não apenas a mente que está ativa todos os dias, porém a totalidade da mente — a mente consciente e a mente oculta. Todas as numerosas camadas da mente têm de ser percebidas, investigadas, mas não pela introspecção. A autoanálise não revela a totalidade da mente, porque há sempre a separação entre o analista e a coisa analisada. Mas se puderem observar as operações da sua mente, sem tendência para julgar, avaliar, sem condenação ou comparação — observar, simplesmente, como se observa uma estrela, desapaixonadamente, tranquilamente, sem ansiedade — observarão então que o autoconhecimento não depende do tempo, não é processo de penetração do inconsciente com o fim de remover todos os “motivos” ou de compreender os vários impulsos e compulsões. O que cria o tempo é a comparação, não resta dúvida; e porque nossa mente é resultado do tempo, só pode pensar em termos de mais — sendo isso o que chamamos progresso.

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