Os onze princípios do caminho Naqshbandi (2 e 3)

2. Preste atenção ao seu passo (Nazar bar qadam)

Constantemente, siga em direção ao seu objetivo.

Sa’d ud-din Kashghari acrescentou: “Prestar atenção a cada passo que se dá significa que quando o buscador espiritual se move de um lugar para outro, ele deve atender apenas ao pé que dá o passo, sem se distrair com o seu olhar”.

 “Quando a atenção do iniciante é atraída por cores e formas fora de si, seu estado de memória se desvia e se corrompe, e o caminhante perde seu objetivo. Isto é porque, no início da jornada espiritual, o buscador ainda não tem o poder de “lembrar-se do coração “, então quando sua visão cai sobre os objetos, seu coração perde a conexão e sua mente fica dispersa”.

Manter o ritmo também é prestar atenção às circunstâncias, sentir quando é o tempo indicado para a ação, quando é o tempo de inação e quando é necessária uma pausa. Alguns disseram que o Nazar bar qadam é uma expressão que se refere à sabedoria natural da própria disposição.

Fakhr ud-Din Kashifi comentou: “Nazar bar qadam faz alusão ao caminho que o peregrino passa nos estágios de desapego de sua existência e do abandono do seu egocentrismo e egoísmo”.

3. A viagem de volta para casa (Safar dar watan)

A jornada para o seu Lar. Lembre-se, de que você está saindo do mundo da ilusão para o mundo da realidade. A viagem de volta para casa é a transformação, que tira os seres humanos de seu estado de sonho subjetivo, para cumprir o seu destino divino.

No Rashahat-i ‘ayn al-haya, diz: “A jornada que o buscador o espiritual realiza dentro de sua própria natureza humana. Em outras palavras, passa das qualidades humanas às angélicais, trocando o repreensível pelo louvável “.

O xeque Ahmad Sirhindî (1624) comentou: “Esta expressão abençoada [em turnê pela terra natal] significa viajar dentro de si. A fonte do resultado está em colocar [prática] o que termina no começo, que é uma das características do Caminho Naqshbandi”.

Safar dar watan significa viajar dentro de si mesmo, observando-se, examinando-se as próprias reações e ver como elas agem em você.

Isso reflete a importância que o Caminho Naqshbandi atribui aos estados e processos internos. Seja um residente do lado de fora e deixe seu coração viajar. Viajar ‘sem pernas’ é a melhor maneira de viajar.

Os onze princípios do caminho Naqshbandi

Os oito primeiros princípios são de Abd ul-Khaliq Ghujduwani e
os 3 últimos adicionados por Baha ad-din Naqshband:


1. Esteja ciente da respiração / consciência do momento presente

Bahâ’ud-dîn Naqshband disse: “A base do progresso nesse caminho é baseada na respiração. Quanto maior a capacidade de ter consciência da própria respiração, mais força terá sua vida interior. O estado do momento atual de alguém deve ser observado a cada respiração, sem se distrair pensando no passado ou no futuro. Ao inspirar e expirar, o intervalo entre as duas respirações deve ser observado, para que nem a inspiração nem a expiração ocorram descuidadamente”.


Enquanto o buscador ou peregrino espiritual estiver vigilante no momento presente, por exemplo, lembrando-se de sua respiração, sua atenção será fixa e focada em cada respiração, até que termine.


O xeque Abul Janab Najmuddin al-Kubra em seu livro Fawatih al-Jamal escreveu “Quando respiramos, a cada inspiração e a cada expiração nós fazemos o som “ha”. Este é um sinal da Essência Invisível que enfatiza a Unidade de Deus. Portanto, é necessário estar presente e consciente da respiração, para alcançar a realização da Essência, do Espírito do Criador”.

Baha-ud-Din Naqshband Bukhari (1318–1389) was the founder of what would become one of the largest and most influential Sufi Muslim orders, the Naqshbandi.

Aldous Huxley, prefácio do livro: “A primeira e a última liberdade”.

Aldous Huxley escreveu o prefácio do livro do Krishnamurti: “A primeira e a última liberdade. É uma reflexão interessante sobre o verdadeiro e profundo caminhar espiritual.

”As soluções coletivas, nas quais tantos depositam sua fé, nunca serão adequadas. “Para entender o sofrimento e a confusão que existem dentro de nós mesmos e, por conseguinte, no mundo, precisamos primeiro encontrar clareza dentro de nós mesmos, e essa clareza surge mediante um pensar correto. Ela não pode ser organizada, pois não pode ser substituída por outra. O pensamento de um grupo organizado é meramente repetitivo. A clareza não é o resultado de uma afirmação verbal, mas da profunda autopercepção profunda e um pensamento correto.  intelecto, ou mesmo conformidade com um padrão, por mais digno e nobre que seja. O pensamento correto surge a partir do autoconhecimento. Sem compreender a si mesmo, você não tem a base para esse pensar; sem o autoconhecimento, o que se pensa não é verdadeiro’

“Há esperança nos homens, não na sociedade, não em sistemas, sistemas religiosos organizados, mas em você e em mim.” As religiões organizadas, com seus mediadores, seus livros sagrados, seus dogmas, suas hierarquias e rituais, oferecem apenas uma solução falsa para o problema fundamental. “Quando você cita o Bhagavad Gita, ou a Bíblia, ou algum livro sagrado chinês, está apenas repetindo algo, não é? E o que se está repetindo não é a verdade. É uma mentira; porque a verdade não pode ser repetida “. 

Uma mentira pode ser ampliada, proposta e repetida, mas não a verdade.  A verdade, quando você a repete, ela deixa de ser verdade e, por esse motivo, os livros sagrados não são importantes. É por meio do autoconhecimento, não pela crença nos símbolos de outra pessoa, que um homem chega à realidade eterna, na qual seu ser tem seu fundamento…

A primeira e a última liberdade

Uma educação que nos ensina não como pensar, mas sim o que pensar, é uma educação que demanda uma classe governante formada por pastores e mestres. Mas “a própria ideia de liderar alguém é antissocial e antiespiritual”… 

Ao homem que a exerce, a liderança traz a satisfação pelo desejo de poder; e para aqueles que são liderados traz a satisfação do desejo de certeza e segurança…

A autopercepção sem escolha nos conduzirá à Realidade criadora que subjaz a todas as nossas destrutivas crendices. Ela nos levará à serena sabedoria, que nunca está ausente, apesar de nossa falta de percepção, apesar do conhecimento que possa acumular, que é apenas outra forma de ignorância. O conhecimento envolve símbolos e é, com frequência, um obstáculo à sabedoria, à descoberta do eu momento a momento. A mente que alcançou a quietude da sabedoria “compreenderá o estado de ser, saberá o que é amar. O amor não é pessoal nem impessoal. O amor é amor, não é para ser definido ou descrito pela mente como exclusivo ou inclusivo. O amor é sua própria eternidade, é o real, o supremo, o imensurável”.

Aldous Huxley viveu a parte final de sua vida na Califórnia, tendo por muitas vezes se encontrado com Krishnamurti. Faleceu em 1963 depois de 3 anos com um câncer, e, a seu pedido, nos últimos momentos de vida sua esposa aplicou uma dose de LSD, cuja utilização era permitida na Califórnia na época (a pedido do próprio Aldous). Com visão tão ampla do caminho espiritual, Aldous nos faz pensar sobre este acontecimento final de sua vida.

E concluir que devemos estar atentos o tempo todo, e sempre lembrar que a vida é a maior mestra que temos. Tudo está ocorrendo neste momento, não podemos ficar esperando ou recordando, mas sim vivendo em total abertura para o novo em nós – uma porta se abre e temos que cuidar para que não feche, só isso.

Total Freedom

Queremos formatar tudo, colocar em fôrmas, etc. Em tudo queremos e pensamos: meditar, silenciar, viver o vazio, nos libertar, etc. Acontece que não precisamos pensar em nada, querer nada, buscar nada, falar nada – já está acontecendo, veja bem, está acontecendo simplesmente – e ficamos procurando, procurando – mas já existe e está em atividade e é só parar de reagir e procurar, dentro e fora – fora e dentro. Simples assim.

Hamed Ali:

‘O giro da roda, com as implicações inerentes à visão não-dual, abre possibilidades totalmente novas de experiência.  Passaremos algum tempo explorando essas novas fronteiras examinando a natureza do tempo e do espaço, o papel de um indivíduo em particular, o paradigma do não-fazer e os vários mistérios do vazio – tudo sob a perspectiva da totalidade.  O que é revelado quando fazemos isso é que a realidade é muito mais indeterminada, muito mais misteriosa do que qualquer coisa que possamos conceber.  Nenhuma visão única – seja dupla, não dual, unilocal ou qualquer outra coisa – pode capturar o dinamismo da realidade.  Liberdade é a liberdade da realidade para revelar seu dinamismo, para se expressar como forma, como falta de forma, como ambas, ou como nenhuma.  Nenhuma característica única e nenhuma combinação de características pode esgotar o potencial da realidade.  É um mistério sem fim.  A realidade está sempre se revelando, conhecendo a si mesma;  e conhecer a realidade e vivê-la se torna a realização da nossa vida.  A pureza da realidade se expressa para nós, através de nós e como nós, ao mesmo tempo.  Nossa vida se torna a vida da verdadeira natureza – a pureza no coração da realidade – vivendo conscientemente e se expressando como nós, por nós, sendo nós.  Este é o coração milagroso da liberdade humana”.

Alegria? Como?

Alexander Lowen, da Bienergética, tem vários livros e este é interessante pelo próprio título: Alegria. No livro ele fala sobre a movimentação do corpo, até sugere algumas posições, no movimento natural, dança, etc. O corpo vive. Também comenta de uma força interior e central (coração) que faz com que tudo aconteça e recomenda acompanhar a respiração, a importancia do respirar com qualidade. No meditar tem importância o sentir da respiração e seus efeitos no corpo. Até comenta no livro sobre uma oportunidade em que decidiu levar seu filho para uma orientação sobre Deuas, mas pergunou a ele antes se sabia o que era Deus: o filho apontou para uma flor e disse “está na flor” o que levou Lowen a concluir que se estava na flor, o filho sabia que também estava nele.

Vamos nos movimentar, acalmar e refletir em vários momentos.

Compre o livro neste link:

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A escada do autoconhecimento e o Eneagrama

Autoconhecimento é uma das palavras mais faladas desde sempre, com maior ênfase nos tempos atuais. O autoconhecimento é um processo pelo qual passamos em nossa estada na matéria, desde a gestação até o final do período de oportunidades que temos em vida. Tudo, a cada passo, é oportunidade para você e automaticamente para todos os seres da natureza. Afinal, tudo está em nós.

E não existe fim, e, sim oportunidades. Mesmo no último suspiro, ainda temos a oportunidade de desfazer os últimos laços aos quais estávamos presos (pessoas, coisas, etc.). Claro, se não os desfizemos antes.

O ápice do autoconhecimento é a percepção direta do ser real em nós, a verdade mesma, a abertura da porta de passagem para o verdadeiro universo real, a vida mesma – na verdadeira acepção da palavra.

Podemos comparar o autoconhecimento com uma escada em nosso caminhar. Por vezes, de acordo com o que passamos desde a gestação, precisaremos de ajuda para quebrar as pedras iniciais (que farão parte do caminho) até atingir o momento psicológico básico. Se necessitar de ajuda nessa fase, a Bioenergética pode ser de grande auxílio, desde que seja coordenada por profissional com P maiúsculo.

E vamos subindo os degraus da escada do autoconhecimento.

Pode ser que algum degrau tenha sido pulado e a pedra não tenha sido dissolvida e isso incomoda, mesmo já estando nos últimos degraus.

E você pode ter uma ajuda interessante utilizando o Eneagrama, e neste caso indicamos o livro da Beatrice “Eneagrama completo”. Um trabalho meticuloso e aperfeiçoando os trabalhos sobre Eneagrama resgatados por Gurdjieff, Ichazo e Naranjo.

Love Unveiled

O Amor está sempre presente, independente das situações corriqueiras da vida comum (no fundo, no fundo a vida é uma coisa só). A vida pode ser vivida plenamente, em esplendor momento a momento. O equilíbrio do ser é base fundamental para o verdadeiro amor, uma cura, um balsamo para qualquer tempo e situação.

O amor revelado – Love Unveiled – levantar o véu da prisão em que estamos, e nunca pensar que todos estamos – não e não, é individual – do pequenino para o grandioso – uma transformação completa. E a bondade do espírito aparece através do coração da humanidade. Onde está a humanidade? Em nós? Sim, acertou.

A.H.Almaas:

“O amor é o efeito fundamental do coração do ser. É a bondade do espírito que aparece através do coração da humanidade. Reflete a realidade da unidade ou unidade do ser, que está sempre 100% presente em toda e qualquer circunstância e situação. Pode ser difícil ver, entender ou experimentar isso em situações desafiadoras como a covid-19 ou conflitos que surgem em torno dos protestos da justiça social.
É por isso que meu último livro é intitulado Love Unveiled. O amor está sempre presente, mas permanece escondido de nós se conhecermos o amor apenas em expressões emocionais, intelectuais ou físicas limitadas.”

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Ouvir? Ouvimos? Entendemos? Respondemos? Calamos? Aprendemos? Vivemos realmente?

Muito interessante a capacidade de muitos: ouvir. O livro “Manu a menina que sabia ouvir” nos mostra aquela menina que ouvia a todas as pessoas da cidade e nunca disse uma palavra, mas a pessoa retornava a sua vida normal mais tranquila, pois Manu exalava amor, simplesmente isso. As palavras entravam e ela expirava amor.

No livro “O Apocalipse de João”, de autoria de Rudolf Steiner, ele diz que o Apocalipse é um livro profundo, pleno de sabedoria, Os leitores do livro do Rudolf Steiner sobre o Apocalipse, segundo ele, podem sentir uma angústia pelo fato de diversas coisas do Apocalipse serem de compreensão tão difícil. E Rudolf Steiner diz que nem de longe suas observações sobre o Apocalipse é tudo que haveria de ser dito, poderíamos (acredito que seja o momento atual) entrar ainda mais profundamente nas verdades e nos substratos do Apocalipse. E se o conseguíssemos, entrar em suas profundezas, aquilo que ele diz no livro poderia ser configurado como uma primeira exposição superficial.

E Rudolf Stiner diz para quem sentir um motivo para aprofundar mais no conteúdo do Apocalipse: “Devo aprofundar-me cada vez mais”.

Segundo Rudolf Steiner o autor do Apocalipse assimilou a tradição oral dos mistérios dizendo a si próprio: ” Se eu me compenetrar com o que se pôde experimentar nos mistérios, o Cristo me aparecerá”.

E diz ainda Rudolf Steiner: “O essencial era que, para os que possuíam ouvidos para ouvir, havia uma possibilidade, com a ajuda de tudo que consta no Apocalipse de João, de avançar cada vez mais até a verdadeira compreensão do acontecimento do Gólgota. Essa era a intenção do autor do Apocalipse”.

A dança da automanifestação

Tarefa cósmica a nós confiada.

Cynthia Bourgeault, que vive no estado de Maine:

“A troca divina – na grande tarefa de dar e receber somos alimentados e alimentamos outros reinos fora de nossa realidade terrena. Sentimos a relação entre os reinos visível e invisível, não como uma escada de degraus hierárquicos para subir e escapar dos estados inferiores do ser, mas como no girar de dança interminável – do amor que se doa. À medida que nos permitimos participar da livre troca da criatividade divina, o amor se manifesta. Além disso, nós humanos, como personificação da consciência, somos responsáveis ​​por tornar esse amor divino manifesto neste reino do tempo / espaço. Aprenda como, ao seguir o caminho de Jesus, liberamos nosso Ser essencial à medida que ajudamos a cumprir o profundo anseio do Divino.”

Momento de oportunidade ou oportunidade do momento?

No post anterior falamos do Enneagram e que as linhas que compõe a imagem ligando os 9 pontos são totalmente dinâmicas, sempre em movimento. Mais, você somente consegue compreender o Enneagram dentro de você, no seu interior, num, digamos, trabalho contínuo de autoconhecimento e consequente silêncio.

E Krishnamurti, disse num capítulo sobre o autoconhecimento:

“Para compreender esse processo, deve haver a intenção de conhecer o que é, seguir cada pensamento, sentimento e ação; e perceber isso é extremamente difícil, porque o que é nunca está parado, nunca é estático, está sempre em movimento. O que é, consiste no que você de fato é, não no que gostaria de ser; não é uma ideia, porque esta é uma ficção, mas na verdade aquilo que você está fazendo, pensando e sentindo de momento a momento. O que é é o real, e compreender isso exige realmente uma mente muito atenta e ágil. Mas se começarmos a julgar o que é, se começarmos a recriminá-lo ou oferecer resistência a ele, então não compreendemos seu movimento.”

E veja as preciosidades que diz Krishnamurti ainda muito atual (olha que disse isso já tempo, hein…):

“Os problemas do mundo são tão colossais, tão complexos, que para compreendê-los e resolvê-los devemos abordá-los de forma muito simples e direta; e simplicidade, objetividade não depende das circunstâncias externas nem de nossos preconceitos e preferências pessoais, Conforme tenho apontado, a solução não será encontrada por meio de conferências (para solucionar problemas mundiais), projetos ou mediante a substituição de líderes antigos por novos ou outras ações dessa natureza. A solução, obviamente, encontra-se naquele que cria o problema, no criador do transtorno, do ódio e da imensa incompreensão existente entre os seres humanos. O criador dessa perturbação, o criador desses problemas, é o indivíduo, você e eu, não o mundo como pensamos que seja. O mundo é o seu relacionamento com o outro. Ele não é algo separado de você e de mim; o mundo, a sociedade, é a relação que estabeleço ou procuro estabelecer com cada um. Portanto, você e eu somos o problema, e não o mundo, porque o mundo é a projeção de nós mesmos, e, para compreendê-lo, precisamos nos compreender. Ele não é separado de nós; nós somos o mundo, e nossos problemas são os problemas do mundo. Não podemos deixar de sempre ressaltar isso, porque temos uma mentalidade tão apática que achamos que os problemas do mundo não são de nossa conta, que devem ser resolvidos pelas Nações Unidas ou pela substituição de velhos líderes por novos. É uma mentalidade muito obtusa a que pensa dessa maneira, porque somos responsáveis pelo terrível sofrimento e pela confusão que ocorrem no mundo, este iminente estado de guerra.

Para transformar o mundo, devemos começar por nós mesmos; e o que importa ao iniciar por si mesmo é a intenção. A intenção deve consistir em compreender a nós mesmos e não deixar que os outros se transformem ou realizam uma mudança superficial por meio de uma revolução, seja de esquerda ou de direita. É importante compreender que esta é uma responsabilidade nossa, sua e minha; porque, por menor que possa ser o nosso mundo particular, se pudermos transformar a nós mesmos, criar um ponto de vista radicalmente diferente em nossa existência diária, talvez, então, possamos afetar o mundo como um todo, numa relação ampliada a todas as pessoas. Como tenho dito, vamos experimentar e investigar o processo de compreensão de nós mesmos, que não é um processo separativo. Não se trata de se retirar do mundo, porque você não pode viver no isolamento. Ser é estar em relação, e não existe essa coisa de viver isolado. É a ausência de uma relação correta que gera conflitos, sofrimento e luta; por menor que nosso mundo possa ser, se transformarmos nossa relação nesse mundo restrito, será como uma onda se ampliando para o exterior constantemente. Acho que é importante perceber este ponto: o mundo se constitui de nossas relações, ainda que limitadas; e se pudermos operar uma transformação aí, não uma transformação superficial, mas uma mudança radical, então poderemos realmente transformar o mundo. A verdadeira revolução não acontece de acordo com determinado padrão de esquerda ou de direita, mas por uma revolução de valores; de valores reais, e não superficiais ou originados a partir de influências do meio. Para descobrir esses valores verdadeiros que se originam a partir de uma revolução radical, uma transformação ou uma regeneração, é essencial compreender a si próprio. O autoconhecimento é o princípio da sabedoria e, por conseguinte, o início da transformação ou regeneração. Para compreender a si mesmo deve haver a intenção de compreender – e é nesse ponto que surge nossa dificuldade. Embora muitos de nós nos encontremos descontentes, e desejemos uma mudança súbita, nosso descontentamento é canalizado apenas no sentido de alcançar um resultado; estando descontentes, procuramos uma ocupação diferente ou simplesmente sucumbimos ao ambiente. O descontentamento, em vez de nos acender uma chama, provocando-nos um questionamento sobre ao processo total da existência, ele é afunilado, e, desse modo nos tornamos medíocres, perdendo aquele foco, aquela intensidade para descobrir o significado da existência como um todo.”