Os jovens e o caminho espiritual no século XXI

O caminho espiritual é uma preparação para o despertar espiritual – quando se tem a percepção de que algo repentino e pouco usual se nos apresenta como: um raio luminoso, uma luz, um momento mágico, um instante de pausa inesperada, repentina alegria. São momentos rápidos e que ocorrem quando menos se espera, pois é algo ligado a uma outra força, uma luz-força que não vemos, mas que tudo sustenta e está dentro de nós.

É um momento mágico e que traz um conforto interior inigualável – e já queremos que se repita ou informar outros sobre esse acontecimento tão precioso, e ignorado na maioria das vezes. E queremos transformar em rotina, criar um manual ou escrever um livro. O despertar espiritual, lampejo passageiro pode e deve se repetir – mas somente em momentos em que a chave de tensão cai, uma pausa repentina e da qual não temos controle – caso contrário iriamos prendê-lo, tê-lo como posse. Isso mostraria que ainda estamos presos numa gaiola. E muitos movimentos ditos espirituais surgem a partir de um só desses insights.

E isso está acontecendo com qualquer um e normalmente não se tem percepção do fato – e ocorre quando estamos em alguma atividade durante a qual esquecemos de nós mesmos.

É a manifestação de nossa essência. O real em nós.

E quanto ao planeta? No atual momento grande parte de seus habitantes e o próprio planeta caminham juntos na viagem interior e as máscaras ou cortinas vão caindo e vai clareando e possibilitando a visualização de galáxias e sistemas solares distantes, com equipamentos precisos – é o nosso interior mais profundo sendo revelado.

E tem outra viagem, paralela e importante, para o espaço interior das células que sempre se renovam a partir das tronco, onde a verdadeira magia da vida acontece, como dito por Bruce Lipton, e mais diz ele: “Eu sou o mestre da minha atividade genética.” Você é?

É tão simples assim?

E os jovens de 5 a 25 anos?

Todas as informações, e são muitas, quanto ao espiritual estão disponíveis para quem quiser, e como quiser, utilizando buscas que utilizam a Inteligência artificial (que nós alimentamos e continuaremos a alimentar – com informações durante a utilização pelas perguntas feitas, diálogos captados de aparelhos celulares ou câmeras inteligentes interligadas a cada esquina das cidades). Se o jovem tiver discernimento para tal não existem limites. Mas não pode parar por aí.

Para prosseguir precisaremos recordar alguns acontecimentos passados e importantes para clarear o atual momento e desvendar os princípios de um caminho espiritual realmente novo no Século XXI, com ênfase nos jovens. Pesquisas recentes mostram que 31% dos jovens de 5 a 25 anos (jovens americanos) disseram que não pretendem frequentar movimentos religiosos ou espirituais. Outros 50% se dividem entre católicos e evangélicos (frequentando ou tem simpatia) e 19% frequentam trabalhos espirituais entre as várias escolas e vertentes. Não é muito diferente no Brasil.

Nos últimos tempos foi aberta gradativamente uma possibilidade cada vez maior para o desenvolvimento espiritual, graças ao trabalho interior e mensagens libertadoras de muitos pesquisadores sérios da Verdade: que dormita um ser, uma força, uma luz, um botão de rosa em nosso mais profundo interior e que precisaria ser despertado, germinar, irradiar novamente, se abrir. Como a flor de lotus que surge no pântano escuro de nosso ser.

A pergunta que fica no ar é se todos estão preparados no básico: ponderar sobre a necessidade de cura de seres desequilibrados psicologicamente e dar um passo além do equilíbrio (no momento psicológico – se estiver pronto) – o campo espiritual.

A seguir, abordaremos 3 opções muito interessantes para elucidar e clarear o ponto onde é necessário um novo caminho espiritual para os jovens. O básico é saber que praticamente todos nós temos traumas, por exemplo o medo (medo vem de que lugar?), que podem ser minimizados com atuação da Psicologia moderna, na Educação do século XXI e mais lentamente (mas efetivo) nos movimentos espirituais atuais:

  1. O caminho da Psicologia moderna
  2. A Educação moderna
  3. Escolas e movimentos espirituais atuais

O caminho da Psicologia moderna

Vamos recordar o que Henri F. Ellenberger nos traz em seu livro “A descoberta do Inconsciente”: “Nenhum ramo do conhecimento passou por tantas metamorfoses como a psiquiatria dinâmica: da cura primitiva ao magnetismo, do magnetismo ao hipnotismo, do hipnotismo à psicanálise e às escolas dinâmicas mais recentes”. Processos utilizados para revelações do inconsciente – somente por motivo extremo, para atendimento de casos de claro e aparente desequilíbrio do ser. E o fim seria a reintegração da pessoa no normal aparente, com o objetivo de se integrar novamente, digamos com a sociedade – algo básico.

E neste ponto é bom frisarmos que parte dos pesquisadores do inconsciente tinham aberto espaço para seu ser interior, a essência se manifestando em muitas ocasiões – e nesse caso poderiam auxiliar realmente outra pessoa (como um Psicólogo ou Mentor pode auxiliar alguém se não chegou ou ultrapassou à fronteira do espiritual em seu próprio ser?).

A realidade é que, tempos atrás, as necessidades de sobrevivência não permitiam uma pesquisa mais aberta e profunda sobre o espiritual e quando o manifestavam externamente eram duramente criticados e perseguidos.

Mas não é tão simples assim. Pois no trabalho desenvolvido é necessário que a pessoa, conduzida pelo terapeuta, relembre fatos marcante que resultaram no seu desequilíbrio emocional e psicológico. E como foi importante a descoberta do inconsciente e como dito acima tinham métodos para acessá-lo e tentar descobrir o trauma.

Pierre Janet falou do desvelamento de possível inconsciente fixo. E faço a ligação vindo já para um tempo mais recente com os trabalhos do revolucionário Wilhelm Reich. Faço a ligação dessas partes fixas do inconsciente com as couraças de Reich.

Segundo Reich, essas emoções mais fortes ou traumas resultam em nervuras-couraças (energia acumulada): grandes decepções, primeiros contatos com o mundo externo ao nascer e até antes, grandes pressões e violência seja na família, escola e comunidade etc. Reich propôs que a manipulação das couraças liberaria o fluxo de energia acumulada. (Há sete segmentos de couraça muscular, segundo Reich: cervical, peitoral, diafragmático, abdominal, ocular, oral e pélvico).

Podemos comparar as couraças de Reich com o subir às montanhas (conforme as couraças formadas) e descer quando desvelado algum trauma, dissolvendo a couraça (aquela montanha já não existirá mais). E assim vai, montanha a montanha, couraça a couraça.

Até chegar na principal, digamos o primeiro grande trauma sofrido – onde a essência, primordial e interior do ser, o real em nós, até então preponderante no sistema do recém-nascido (nos primeiros 7 anos ou gestação) sofreu um trauma causado por alguma atividade exterior violenta, tipo: briga na família durante a gestação, trauma no período da gestação, trauma no nascimento, brutalidade e incompreensão para com o pequeno ser, atividade no período escolar com a possibilidade de relacionamentos viciosos e maldosos, com relação aos professores, movimentos religiosos desvirtuados, sociedade preocupada somente com o material e cada um defendendo seu osso, etc.

O medo está ligado a uma dessas couraças.

E Reich abriu caminho para a Psicologia moderna, e foi o primeiro a trabalhar em contato com o corpo. Enfoque na respiração (ele afirmava e com razão que os homens não respiram) e por meio de pequenos movimentos sutis propostos ao paciente poderia dissolver as couraças. Certamente, a intenção é buscar os pontos de tensão.

Um seguidor de Reich, Alexander Lowen, criou o grounding, uma das técnicas mais famosas e utilizada na Psicologia Corporal de Lowen – a Bioenergética. Esta técnica tem como objetivo levar a pessoa a movimentos espontâneos, coordenados e efetivos, à qualidade da graça natural – um fluxo de excitação percorre o corpo, da cabeça aos pés. Junto com Pierrakos, criou posturas em pé, e outras posições e ações, para promover vibrações, com o objetivo de liberar as tensões crônicas. Para Lowen, na posição de pé a pessoa pode sentir o solo e o eixo do seu corpo.

Neste ponto é bom repetirmos que se o terapeuta ou digamos, mestre, não tiver feito o processo em si – processo este em que se equilibra o ser desta natureza abrindo caminho para o espiritual (Lowen foi aluno do Reich) – não vibrará imperceptivelmente o lado espiritual. E aqui coloco os tratamentos posturais do RPG (reposicionamento corporal) que abrandam certas couraças e somente um paciente que desenvolveu algo espiritual usufruirá indiretamente.

Se o seu ser está equilibrado o próximo passo é o espiritual, e caso o mestre não o tenha feito o paciente, digamos, ou pesquisador não terá o suporte interior necessário e fortalecerá em muito a personalidade, que deveria se tornar flexível para abrir caminho para o espiritual, permitir que sua essência interior se manifeste.

Veja, o problema crucial na Psicologia é o terapeuta – que precisa, é primordial, se conhecer interiormente e que sua força (luz) interior – essência – vibre.

Imagine, quantos Pais e Avós etc. passaram por um processo autêntico na Psicologia Moderna e ultrapassaram o limite para o espiritual – qual o estado de seus filhos, ou, reflexo nos jovens da Geração Z, ou Y?

A Educação moderna do século XXI

Os jovens que frequentam escolas diferenciadas e com trabalhos por projetos (e não aulas e avaliações tradicionais que só causam mais traumas – um ensino sem efetividade) e democráticas e Pais (principalmente) que já estão mais livres de pressões – têm sua essência preservada e atuante em sua maioria. Existe grande possibilidade de não terem formado couraças, grandes traumas – pelo tratamento diferenciado e baseado somente no amor.

Desde o surgimento das Escolas ditas democráticas (Summerhill), Ensino Waldorf, Escolas Lumiar e sua pedagogia mosaico, Escolas Reggio Emília, as Escolas influenciadas pelo José Pacheco (Open Learning e Escola da Ponte) e tantas outras – onde o Professor é um colaborador e a criança a referência principal do ensino (recebe com alegria os excluídos). Onde professores e orientadores ainda estão vivos (como diz o educador português José Pacheco). Estive em contato com Pais da Escola criada pelo Krishnamurti – a Oak School, Ojai na Califórnia (tem outras 2 na Índia e na Inglaterra). E quem não se lembra da fenomenal Escola do Leo Tostoi: Yasnaia Poliana.

Nada contra outras escolas que por vezes têm professores diferenciados (livres interiormente) ou Pais livres e libertos. Nesses casos a criança preserva em seu ser a pureza original, a essência de seu ser sinalizando que não sofreram traumas profundos.

Vejam, quantos seres foram tocados com esses processos de ensino. Quantos jovens de hoje e até avós estudaram nessas escolas especiais e se tornaram seres humanos no real sentido da palavra. Um ser humano diferenciado e liberto – um passo para o espiritual.

Como Reich dizia em seu livro, o Assassinato de Cristo, que as crianças desde a gestação sofriam traumas familiares e em todo o procedimento de nascimento, ensino etc.

E já faz um tempo que pais decidem fazer os procedimentos de parto de modo mais natural e sem causar traumas no pequeno ser que nasce.

E esses jovens em sua maioria começam a manter relacionamentos em que o outro sempre é uma página em branco, como um primeiro encontro.

Escolas e movimentos espirituais atuais

O outro caminho que tínhamos até as portas do século XXI e ainda valida para muitos, e não mais para os 31% de jovens, são as Escola Espirituais e Mestres que trouxeram a boa nova sobre o caminho espiritual e o objetivo de estarmos vivos neste universo. Não podemos esquecer, que em qualquer movimento espiritual muitos conseguem se abrir para o novo (poderíamos dizer sair da gaiola) e voar como Fernão Capelo e Gaivota. E de todo e qualquer movimento religioso existente e trabalhos orientais.

Considero autenticas Escolas Espirituais as que utilizam um item básico e fundamental (um fechamento de todos os importantes e necessários trabalhos que realizam): reuniões em grupo, onde seres se relacionam como páginas em branco – permitindo um contato de essência para essência entre todos. Veja aqui a importância do relacionamento (as máscaras caem uma a uma) em plena liberdade.

Sempre é bom um alerta neste caminho, e que mostra sua naturalidade, como dizia J. van Rijckenborg:” Da primeira à última letra compreendemos, no grupo unido no Espírito, qual é nossa verdadeira tarefa neste mundo, tarefa que exige tanta força e amor, que qualquer interesse por viver nas altas esferas mais atrapalha do que ajuda. Porque a realidade suprema é o serviço a todos: o amor que serve”.  

No tocante às reuniões em grupo, no trabalho de Hamed Ali (A.H. Almaas) e Karen Johnson, na Diamond Approach (em inglês e iniciando em Portugal), eles utilizam logo no primeiro contato, se necessário, a psicologia moderna para remover as couraças (Reich) (dentro das possibilidades de cada ser) e trabalhos em grupos em período prolongado (em média 4 horas de reunião) – sempre com objetivo de despertar a essência adormecida.

Diz Hamed: “Nós ignoramos o fato real de que a união é a ausência de limites”. Incluo que nem sempre 1 + 1= 2 em termos espirituais.

E sobre o medo: “Se formos capazes de permitir o medo ou o ódio, abraçá-lo, agarrá-lo, e senti-lo plenamente em sua totalidade – em toda a sua textura, cor e vivacidade – daremos a ele espaço para ser ele mesmo” e continua: “é natural para nossa verdadeira natureza mover-se, desdobrar-se, iluminar-se e revelar do que se trata”.

Nos trabalhos do Echkart Tolle e a Kim você faz posicionamentos especiais (couraças), música e encontros (como nos trabalhos de Adyashanti).

Sobre trabalho espiritual e iniciação, relembro do The Golden Sufi Center criado pela Irina Tweedie, o seu livro muito especial “Daughter of Fire: A Diary of a Spiritual Training with a Sufi Master “– onde conta sobre sua iniciação e até as doações financeiras substanciosas que fez para os necessitados – fundamental para os desdobramentos finais do seu caminho espiritual.

O caminho para o espiritual seria frequentar esses movimentos/escolas espirituais objetivas por bons anos, onde se espera que pelos encontros em templos, reuniões em grupos, e através de conceitos/informações despertar a essência. Com auxílio efetivo de rituais diários. Ainda destaco a importância do relacionamento entre os participantes.

Processo longo e risco da personalidade se impor sorrateiramente (Rijckenborg:” interesse por viver nas altas esferas mais atrapalha do que ajuda”), e querer seguir o caminho – pois nem sempre as couraças/barreiras são dissolvidas, pois esse é um foco secundário e transparente, exceto na Diamond Approach.

E assim, muitos podem chegar a principal couraça que realmente libera a essência adormecida que passaria a falar mais alto e tocar as pessoas ao redor e em qualquer relacionamento.

A Antroposofia de Rudolf Steiner, com os medicamentos homeopáticos decimais da Weleda, Escolas Waldorf e alimentos da Agricultura Biodinâmica, atua na formação, alimentação e saúde de muitos jovens – a partir do interesse de seus pais.

E tem muitos autores e palestrantes como Ken Wilber e outros que trazem informações preciosas para os buscadores espirituais e que auxiliaram muitos Pais e até mesmo os jovens.

E agora no século XXI

Essas escolas iniciáticas seguem seus trabalhos – existem inúmeros pesquisadores/buscadores tendo percepção do momento e buscando um porto seguro para ancorar seus barcos até não precisarem mais dos barcos. A exceção são os jovens que já não têm interesse em frequentar esses movimentos e muitos outros, existindo institutos de pesquisas trabalhando nisso nos EUA.

Veja que maravilhoso momento estamos vivendo, que presente estarmos vivos. Foram abertas as portas para um novo trabalho e foi possível graças ao esforço de inúmeros pesquisadores profundos do espiritual, que abriram as fronteiras e criaram um cosmo de especial natureza e que está ao alcance de todos.

O agora.

O caminho espiritual dos jovens no século XXI

Este é o momento atual no universo – tudo sendo desvelado desde seus seres e o próprio universo. Tudo é mais simples para parte desses jovens.

Neste momento ímpar, grande parte dos jovens (da faixa dos 31% citado acima) da geração Z já estão preparados e sem couraças, ou leves. Esses tiveram criação moderna onde desde a gestação foram recebidos em harmonia, famílias equilibradas e livres e em Escolas livres de aulas, provas e castigos. Muitos Pais e Avós já os trataram diferentemente pois se prepararam e hoje em dia vivem momento a momento (formados no ensino por projetos, frequentando Escolas Espirituais, ou na Psicologia moderna). Claro, que não é uma constante – mas pode ser.

Vivem livres e sempre voando acima, ultrapassaram a fronteira e veem cada vez mais claramente dentro de si, abrem caminho e derrubam véus e chegam ao sistema solar interior e uno.

A palavra-chave do século XXI é o RELACIONAMENTO. Os jovens já estão em relacionamento sem rotular a/o outro/a do relacionamento.

Relacionamentos, na própria opinião dos jovens da geração Z, é o sagrado sendo revelado.

E está aberto o caminho para que esses jovens se relacionem a nível local e mundial (o que já está começando com algumas iniciativas).

O contato real entre as pessoas, de essência para essência e não palavra para palavra (sem rotular, colocar uma etiqueta sobre o outro – tem que ser sempre algo novo, página em branco).

E a realização espiritual, momentos de iluminação ocorrem quando o momento presente impera, sem oposição do passado e futuro. Momento que ocorre quando a personalidade não está nem no passado nem no futuro e pode ser agora – já. Seja lavando louças, se relacionando com amigos, show de música, filme, passeando etc. podem advir momentos de iluminação – como os próprios Z dizem em pesquisas recentes.

A essência vive e se manifesta cada vez mais.

Tudo isso posto, vemos que os jovens principalmente da geração Z em sua grande maioria (dentro dos 31%) estão preparados e já vislumbrando o potencial interior e dando lhe oportunidade para se manifestar.

Cabe aqui uma definição da palavra do momento Pansexual (prefiro panrelacional): um novo relacionamento na base da pureza interior do ser onde não se vê classe social, cor, sexo, alimentação, roupas etc.

Michael Aaron, psicoterapeuta e terapeuta sexual: “Pansexual é uma palavra ampla e isso ocorre porque as pessoas querem liberdade para se identificarem da maneira que quiserem, sem que ninguém as rotule”.

É importante que algumas pessoas mais idosas em quem a força interior fala mais alto se integrem com os jovenzinhos (5 a 25 anos (Z) e alguns da Y) e permitam eles decidirem o que fazer no tocante ao espiritual, caminho pelo qual já trafegam (chega dos maiores e mais antigos decidirem o que eles devem fazer no caminho espiritual). 

Com base no relacionamento mais próximo entre eles a essência se manifestaria cada vez mais esplendorosa sem altos e baixos constantes e assim abrir caminho para a união de coração dos jovens ainda vivos do planeta. Virtualmente ou até em encontros presenciais, onde deve imperar o silencio interior, a vivência do momento, ritual diário etc. (base do relacionamento e decisão deles). Um novo mundo surge e jovens de todo o Planeta podem se conectar.

Começar de uma página em branco é parar de considerar sua realidade atual como certa e parar de permitir que a mente a defina para você. 

Veja que não invalido os trabalhos correntes que podem ser libertadores, PORÉM, para 31% dos Z não funciona mais – eles já passaram pelos traumas (não calcificados).

Mesmo trabalhos longos de posicionamentos corporal e meditação pode não funcionar se as couraças de Reich não forem dissolvidas, em outras palavras é subir a montanha e depois descer e ela desaparecerá se apreendeu algo ou terá que subir novamente.

Bruce Lipton lançou um trabalho no final de 2023 chamado Coherente Education, que segue algo parecido, mas penso que deveria ter mais decisões a partir dos jovens, mas é uma bela iniciativa. As Escolas diferenciadas para a educação dos pequeninos crescem exponencialmente e isso é maravilhoso.

Como dizia H. Bergson (“A evolução criadora”) no passado distante: “A evolução, não está terminada, e a ação humana foi e será fonte de maravilhas”

Para um novo trabalho ou uma nova abertura em suas estruturas os movimentos espirituais atuais poderiam abrir espaço para algo novo e a ser decidido pelos jovens 5 a 25 anos com auxílio de alguns jovens da geração Y que ainda estão vivos.

Porém, prestem atenção.

Se ao ler este artigo, ou escutar de alguém, sobre a possibilidade de um novo trabalho ou caminho com os jovens Z e vier em seu pensamento nomes de pessoas que poderiam participar como mediadores, já estará tudo errado e aí pode esquecer que não vai funcionar. Tem que ser algo totalmente novo e agora – sem lembranças de pessoas” ideais” e de ‘confiança’. 

A palavra está com os jovens de 5 a 25 anos. Eles dirão se precisam de maior relacionamento, trabalhos diários individuais, dinamização dos relacionamentos em grupos e seu alcance até países distantes no planeta.

João Carlos de Lima
Whatsapp (11) 97605-3322

Springtide Research Institute
Datafolha
A descoberta do Inconsciente, Henri F, Ellenberger

Nondual Love

“O mundo físico é o ser divino, mas visto de uma perspectiva limitada. É o mesmo com o ser humano, a alma humana. Você pode experimentar a si mesmo de uma perspectiva limitada ou de uma perspectiva aberta. Se você se olhar de uma perspectiva aberta, você é luz, um corpo de luz. Você é presença, você é plenitude, você é consciência, você é ser. Se você olhar para si mesmo de uma perspectiva limitada, a perspectiva de suas imagens e identificações, você se torna o corpo físico desajeitado que tem uma personalidade problemática.

 Assim como existe um eu real e um eu falso, existe um mundo real e um mundo falso. 

Assim como a personalidade comum é o falso eu, o mundo comum é o mundo falso. E o mundo real não está em outro lugar, assim como o eu real não está em outro lugar. É apenas uma questão de correção de perspectiva. Olhando para as coisas sem obscurecimento, começamos a ver o mundo como ele é.

E acho maravilhoso que quando começamos a ver o mundo como ele é, podemos vê-lo em uma de suas principais manifestações potenciais: como puro amor. Puro deleite, pura gentileza, pura suavidade. E é bom passar algum tempo abordando e experimentando o mundo a partir dessa perspectiva. Também podemos ver o mundo como consciência e vazio, que são formas mais sóbrias e menos centradas no coração de experimentá-lo. Mas aqui experimentamos a realidade como amor, deleite, suavidade e liberdade. Podemos ver e apreciar o mundo como um lugar de alegria, de cantar e dançar, brincar e se divertir, porque essa também é uma das formas inerentes de vivenciar a realidade. 

Então, quando as pessoas dizem que o mundo é uma ilusão, queremos entender o que isso significa. O mundo é mesmo uma ilusão? Ou será que nos apegamos a uma ilusão que nos faz ver o mundo de maneira falsa?

As pessoas que sustentam que o mundo é uma ilusão acreditam que nada existe separado da verdade suprema, e o mundo que você vê é apenas suas crenças, suas ideias construídas na mente. 

Muitos pensadores modernos pensam assim, que se você dissolver as construções em sua mente, não sobrará nada. Mas o que vemos é que se você dissolver as construções em sua mente, o que resta é a verdadeira estrutura do mundo. Reconhecemos que essas construções da mente acabaram de ser sobrepostas na aparência do universo. Como resultado dessa sobreposição, passamos a ver o universo de uma forma que não é mais direta e objetiva. É o mesmo com a nossa alma; quando sobrepomos uma autoimagem sobre ela, começamos a vê-la de uma forma que não é verdadeira – é distorcido…

Mas, como vimos, também se sabe da psicologia do desenvolvimento que, no desenvolvimento do ego, não desenvolvemos apenas uma imagem de nós mesmos por meio de nossas relações objetais; também desenvolvemos uma imagem do outro – inicialmente o cuidador principal, a mãe, por exemplo, e também o pai. Desenvolvemos essas imagens do outro – o objeto nas relações de objeto – e, à medida que crescemos, elas incluem uma imagem do mundo inteiro. Desenvolvemos uma representação de nós mesmos a partir de nossas primeiras experiências e, junto com ela, desenvolve-se também uma representação do mundo.

Assim, a partir de todas as nossas primeiras experiências de nosso ambiente familiar e da adequação ou inadequação dele, e das interações com as pessoas ao nosso redor, desenvolvemos certas memórias que se fundem. Isso cria uma estrutura no ego que geralmente é chamada de “mundo representacional”.

O que esse termo reflete é que em nossa mente temos uma imagem de nós mesmos, mas também temos uma imagem do mundo, da realidade “lá fora”. Cada um de nós tem essa imagem, cada um ligeiramente diferente, mas há alguns elementos básicos comuns à imagem que todos têm do mundo, assim como a imagem básica de ser um indivíduo separado é comum a todos nós.

A alma, portanto, desenvolve uma imagem de si mesma e uma imagem do mundo. Quando se olha através de sua própria imagem, torna-se uma personalidade. Quando olha o mundo através de sua imagem do mundo, o mundo se torna o convencional. Em outras palavras, o mundo que a maioria das pessoas experimenta é um mundo representacional; é reificado, significando um mundo que foi fixado em certos conceitos, em certas imagens, ou melhor, em uma certa constelação de imagens. Esse mundo convencional é uma constelação de imagens, impressões, ideias, conceitos e crenças que compõem toda a nossa visão de mundo.

 Assim, você não apenas desenvolve imagens de si mesmo e de sua mãe, mas de todo o ambiente em que você e sua mãe estão inseridos. Cada um de nós desenvolve um sentido diferente do mundo à medida que crescemos e nos tornamos adultos, de acordo com nossa própria experiência. Alguns de nós sentimos, e continuamos a sentir, que o mundo é mais confiável do que outros, por exemplo. Alguns de nós vemos o mundo como vazio ou impessoal. Alguns de nós vemos o mundo como duro e violento. Alguns de nós pensam que o mundo é positivo e generoso. A visão de todos é diferente. Mas existe, não obstante, uma característica implícita subjacente à imagem geral do mundo, assim como existe uma característica implícita subjacente ao conteúdo diferente de nossas autoimagens. Parte de sua autoimagem pode ser pensar: “Sou uma garota má” ou “Sou um menino zangado” – seja qual for a imagem que você desenvolveu de si mesmo. Todo mundo tem suas próprias imagens, mas no fundo de tudo, todo mundo desenvolve a sensação de que é um indivíduo separado com uma identidade. E é a mesma coisa com o mundo representacional. Todos nós desenvolvemos diferentes imagens do mundo, mas há uma coisa comum a todos eles: a visão de que o mundo é atomizado. Todos nós acreditamos que o mundo é composto de objetos físicos separados. Isso é verdade independentemente de alguém considerar qualquer elemento ou padrão dado que está vendo como verdadeiro ou falso…

Quando nos sentimos vazios, como uma casca, estamos reconhecendo que nos vimos através de uma imagem, uma representação criada ao longo do tempo pela mente. E quando vemos que o mundo está vazio, significa que estamos penetrando em nossa imagem do mundo. Mas ainda não estamos realmente vendo o mundo, porque o mundo real não está vazio; não é uma ilusão. É o mundo representacional que é a ilusão. Ao longo da história, quando místicos e buscadores espirituais começaram a sentir que o mundo é uma ilusão, que não é real, que está tudo vazio, é compreensível que eles tenham considerado esse vazio como a natureza do mundo. Mas não é a natureza do mundo; é a natureza das imagens que temos em nossa mente.

A ilusão do mundo é muito mais difícil de penetrar do que a ilusão de nós mesmos, porque é uma ilusão que toda a nossa sociedade suporta com muita convicção…

Mas também estamos vendo que isso não significa que o mundo inteiro não passa de uma construção mental e que não existe um mundo real. Significa apenas que o mundo como o conhecemos é uma construção mental. E conforme isso se dissolve, começamos a ver a verdadeira estrutura do mundo, seu verdadeiro padrão, que existe e pode ser percebido. Quando você desconstrói sua representação do mundo, o mundo real pode se manifestar. E isso não pode ser desconstruído, porque o eu representacional não está mais lá para fazer a desconstrução.

 … Então é natural que desenvolvamos o ponto de vista “fácil” de que o mundo é desmembrado, cheio de objetos separados, bons e ruins. E já que você está neste mundo físico e tem que sobreviver nele, então é claro que você irá obter as coisas boas dos lugares bons e tentar evitar as coisas ruins dos lugares ruins. Mas quando vivemos por essa perspectiva, estamos apenas perpetuando e tornando mais real para nós mesmos nossa representação do mundo. O que significa que continuamos a defender uma forma falsa, ou mais precisamente, uma forma limitada, de ver e experimentar o mundo.

… Do ponto de vista puramente materialista, não existe amor implícito que faça você se sentir bem com outras pessoas e que possa superar a separação. E onde há dois sem amor, pode haver conflito.Portanto, é a crença nesse mundo desmembrado que… apoia a crença de que nossa insegurança, nossa necessidade de acumulação e nossa necessidade de poder e controle são todas reais. Reforça a ideia de que você deve tentar satisfazer essas necessidades, pois só assim você pode se sustentar e se proteger e alcançar um estado de satisfação. Então, é claro, a maior parte do mundo acredita que é isso que lhes trará segurança, felicidade, contentamento e uma sensação de realização na vida.

Mas as pessoas têm … a rígida moralidade do ego – no topo, e é … por isso que a maioria das pessoas tenta se comportar de maneira um pouco mais civilizada. De certa forma, quando você olha para a situação atual do mundo e vê todas as dificuldades que enfrentamos: crime, terrorismo, racismo e preconceito e exploração implacável não apenas de outros seres humanos, mas do próprio planeta – você pode se perguntar se tudo está piorando. Se isso for verdade, eu me pergunto se é porque a humanidade está um pouco mais livre do superego. Certamente há mais licenciosidade no mundo do que havia algumas gerações atrás. As pessoas não sentem mais tanta necessidade de serem civilizadas, de serem “boas”. E se as pessoas não se sentem assim, elas são mais livres para se expressar. E o que vai sair primeiro?

… Então talvez o superego tenha nos protegido por muito tempo e essa proteção não existe tanto agora. O que significa que, se realmente queremos lidar com nossos problemas e com os do mundo de uma maneira que funcione, precisamos encontrar algo mais real do que o superego…

Precisamos ser capazes de penetrar até ver a realidade como ela é, para que nosso comportamento mais civilizado e compassivo surja como expressão direta da verdade.”

K e a Escola

Krishnamurti:

A Escola não é um lugar para a própria iluminação ou para o objetivo próprio de realização, artística, religiosa ou de qualquer forma, mas sim, sustentando-se e nutrindo-se, mutuamente, no florescimento da bondade.

Deve haver absoluta liberdade em relação aos movimentos, ortodoxos ou tradicionais. Mas, ao invés disso, deve haver liber- dade total, absoluta liberdade de todo sentimento de nacionali- dades, preconceitos raciais, religiosos crenças e credos. Se alguém não for capaz de fazer isso, com honestidade e integridade, é melhor manter-se afastado deste lugar. Essencialmente, tem-se o insight de ver que o conhecimento é o inimigo do homem.

Este não é um lugar para os romancistas, os sentimentalistas ou os emotivos. Isto requer um bom cérebro, o que não significa inte- lectual, contudo, um cérebro objetivo, fundamentalmente honesto para si mesmo, e que tenha integridade em palavras e atos.

Um diálogo é muito importante. É uma forma de comunicação em que a pergunta e a resposta continuam até que uma pergunta fique sem resposta. Assim, a pergunta é suspensa entre duas pes- soas envolvidas nesta resposta e pergunta. É como um botão que floresce intacto. Se a questão for deixada totalmente intocada pelo pensamento, então ela terá sua própria resposta, porque o questionador e aquele que responde, como pessoas, desaparece- ram. Esta é uma forma de diálogo em que a investigação atinge certo ponto de intensidade e profundidade, o qual então tem uma qualidade que o pensamento nunca pode alcançar. Não se trata de uma investigação dialética de opiniões, ideias, mas sim

de exploração por dois ou mais cérebros, sérios e bons. Este lugar deve ser de grande beleza, com árvores, pássaros e tranquilidade, pois a beleza é verdade, e a verdade é bondade e amor. A beleza externa, tranquilidade externa, silêncio, pode afetar a tranquilidade interior, mas o ambiente não deve, de forma alguma, influenciar a beleza interior. A beleza só pode existir

Desde os tempos antigos, o homem tem buscado algo além do mundo materialista, algo imensurável, algo sagrado. A intenção desta escola é investigar esta possibilidade.

Todo este movimento de investigação sobre o conhecimento. sobre si mesmo, da possibilidade de algo além do conhecimento, traz uma revolução psicológica natural, e daí vem inevitavelmente uma ordem totalmente diferente na relação humana, que é a sociedade. A compreensão inteligente de tudo isso pode tra- zer uma profunda mudança na consciência da humanidade.

Onde os jovens estão?

Você encontra no Google essa pergunta. Aqui vai minha análise:

Começo considerando os jovens estudantes de Escolas como o institut Le Rosey, da Suiça, onde estudou por ex. Sean (filho do Lennon e Yoko) e até muitos principes. Considerada a Escola mais cara do Planeta. Fazem trabalhos voluntários principalmente na Africa. A Rainbow International School, na Uganda, onde estudam jovens de 60 países, também com muitos trabalhos de voluntariado.

E depois de formados?

Lembro da primeira Escola democrática Summerhil. Seu fundador era amigo do Wilhelm Reich. Reich foi condenado nos EUA por curar pessoas com câncer (autoconhecimento com a efetividade de seu trabalho na atenuação das couraças) e o trabalho pela preservaçâo da essência interior das crianças – tendo seus livros e trabalhos queimados (deixou parte da herança para trabalhos com crianças). E nas Escolas democráticas as crianças são livres possibilitando que a essência não seja colocada de lado na formação da personalidade. Vemos o trabalho do Semler que criou a Lumiar e seu Mosaico – utilizado já em vários países.

Os trabalhos do José Pacheco que não utiliza aulas, nem provas e aceita todo tipo de alunos que outras escolas não querem ou com sérios problemas de relacionamento (como a Sommerhil). O entorno das Escolas sem fronteiras do Pacheco mudam com o tempo (trazendo as familias para a Escola), muitas vezes em locais mais humildes.

Vejam, são alguns projetos (existem muitos trabalhos similares) que abrem grandes possibilidades aos jovens – baseados no conhecimento da triste realidade dos povos ou sua própria aceitação ao ser reconhecido.

Desde as Escolas mais ricas onde em algum período do ano ajudam jovens com menos possibilidades (e alguns serão futuros dirigentes de paises ou empresas)  até os jovens que estudam em Escolas que na liberdade do ensino preservam sua semente pura, sua essência – formando jovens diferenciados.

Assim, vemos muitos jovens engajados em projetos muito interessantes, seja na aceitação pacifica entre praticantes de vários credos, questões raciais, ecológicas, indigenas e os que não tem o que comer.

Onde os jovens estão?

Estão disponíveis e sendo eles mesmos, cada um no seu momento. “A verdadeira quididade (virtude essencial) é o reconhecer que ela e o ser são uma coisa só. Essência e Ser, que ainda se distinguem no despertar necessário, são identicos na realização primária (reconhecer essa Luz, e essa Luz se reconhecendo, não por auto-reflexão, mas por ser ela mesma, por ser a plenitude).” 

Esse é o ponto em que muitos jovens já estão.

Wilhelm Reich e a formação das Crianças do Futuro

Este resumo, que fiz, foi sobre o excelente trabalho de Cynthia Cavalcanti Moura de Melo Faria –USP-Psicologia 

Wilhelm Reich e a formação das Crianças do Futuro – Encouraçamento numa criança recém-nascida. 

A meta do Crianças do Futuro, assim como a da maioria das propostas reichianas era a busca da melhoria da condição de vida humana. A base dessa atividade era a esperança de um futuro melhor, que se tornaria possível se o fluxo do desenvolvimento natural fosse respeitado. Nesse caso específico, Reich almejava tentar manter uma criança relativamente saudável em meio a todo o contexto patológico da época. Ele acreditava que, se isso fosse possível, então poderia se apostar em um amanhã melhor. 

Em 1949, Reich fundou o Orgonomic Infant Research Center, órgão voltado a colocar em prática as ideias do Crianças do Futuro, que serviria como um local de pesquisas a respeito da saúde infantil.  

A ideia do Centro era atender casos que ajudassem a elucidar as questões de interesse da investigação. Para tanto, planejou-se que o trabalho deveria ser focado desde a gravidez até o quinto ou sexto ano de vida da criança, idade em que sua estrutura básica se forma. Seguindo essa proposta, estabeleceram-se quatro focos de atuação: 

O primeiro foco seria desenvolver cuidados pré-natais com grávidas consideradas saudáveis, com o intuito de conhecer a influência das vivências intrauterinas para o desenvolvimento do bebê. A proposta era aconselhar os pais durante a gestação sobre como eles deviam proceder e tentar que esse momento se desenvolvesse da forma mais saudável possível.  

O segundo foco de trabalho aconteceria durante o nascimento e os primeiros dias de vida do recém-nascido. Nesse momento buscariam compreender as expressões naturais do bebê e remover qualquer obstáculo em seu caminho.  

O terceiro tratava-se da prevenção do encouraçamento durante os cinco ou seis primeiros anos da criança.  

A última ação era voltada para o registro do desenvolvimento dessas crianças até muito tempo depois da puberdade.  

A ideia não era tratar crianças doentes nem se dedicar ao aconselhamento sexual e matrimonial de casais, a não ser que tais medidas contribuíssem para a pesquisa do OIRC.  

Uma dessas colaborações importantíssimas dadas por Reich com o projeto Crianças do Futuro foi o aprofundamento no tema do contato orgonótico, o que, a nosso ver, significa um vínculo de extrema qualidade entre a criança e o seu cuidador. Para o orgonomista, o estabelecimento do contato seria a melhor coisa que poderia ser proporcionada para a criança e o destino dela dependeria disso. Se trataria do elemento mais essencial na interação entre a mãe e o bebê. Para preservar a saúde, seria imprescindível a presença desse tipo de vínculo. 

Desde que nasce, o bebê tem suas demandas. Como a fala só surge por volta do primeiro ou segundo ano de vida, é claro que antes disso não se pode compreender as necessidades infantis pelo meio verbal. Na visão reichiana, a única forma de entender a expressão da criança nesse estágio do desenvolvimento é a partir do estabelecimento do contato orgonótico. Para que isso seja possível, o adulto precisa estar disponível, sintonizado, implicado, envolvido, atento, ligado, conectado, entregue etc. 

 Mesmo depois que a fala se faz presente, ela nem sempre explicita o que realmente se quer. Para Reich, a expressão verbal tem suas limitações, muitas vezes não consegue expor as sutilezas do organismo. Em alguns momentos, até consegue ser fiel às sensações corporais, mas isso não acontece o tempo todo. Por isso, o estabelecimento de um vínculo de qualidade continuaria a ser de extrema importância, independente, da idade do sujeito. Estando em contato é possível reconhecer o que o indivíduo precisa e consequentemente lidar com essa demanda. 

Nos textos reichianos, fica claro que ele busca atender ao pedido da criança de forma criativa. É nítido que não há um modelo de como a educação deve ser. Cuidados mecânicos não servem. Sendo cada criança única, o importante seria descobrir na relação o que é bom e o que não é para cada indivíduo. Trata-se sempre de um vínculo sensível e profundo. 

Segundo Reich, o que acontece é que os educadores raramente conseguem compreender a demanda infantil. A criança, por sua vez, solicita o contato até esgotar-se e desistir. A consequência posterior é ficar paralisada, anestesiada e interiormente morta. Em sua compreensão, muitas das patologias adultas são oriundas de uma infância carente de contato orgonótico. 

O orgonomista deixa claro que não é preciso nem possível manter o vínculo de qualidade o tempo todo. Mas o mais importante era perceber quando se perde o contato para então tentar reestabelecer o vínculo perdido. 

Outra contribuição importante foi o conceito de primeiros socorros orgonômicos. Tais medidas estavam baseadas na ideia de que após uma vivência traumática, o corpo se contrai. Das primeiras vezes, cria-se um bloqueio ainda maleável. Isso significa que o mesmo pode ser dissolvido. 

Porém, não era o que vinha acontecendo de forma geral, pois os adultos não tinham conhecimento sequer da existência dessas limitações e menos ainda sabiam como excluir as mesmas. Por não serem desfeitos, esses bloqueios iniciais se transformariam em couraças crônicas irreversíveis. Em outras palavras, os pequenos bloqueios, que apareciam na estrutura humana desde os primeiros dias de vida, se cronificariam caso medidas adequadas não fossem adotadas.  

Essas mazelas, se não fossem desfeitas, acabariam sendo ciclicamente transmitidas a cada geração de modo automático. A única saída seria que os adultos aprendessem a remover os bloqueios assim que eles se fixassem.  

Para Reich, via de regra, quando o indivíduo se desenvolve numa condição saudável, ele não estabelece uma base adoecida onde as patologias futuras possam se fixar, por isso, é pouco provável que os sintomas neuróticos consigam se enraizar em sua estrutura. Em outras palavras, sem encouraçamento os sintomas biopáticos não se ancoram. Por outro lado, quando existe uma distorção na estrutura bioenergética, as patologias terão a base para fincar suas raízes e futuramente se tornarão traços de caráter biopáticos. O orgonomista compreende que as chamadas “doenças crônicas” nada mais são do que patologias apoiadas em bloqueios do funcionamento bioenergético criados durante a primeira infância. Segundo ele, as biopatias graves que surgem posteriormente têm suas raízes nos ignorados problemas ‘normais’ das crianças pequenas. 

De qualquer forma, a melhor maneira de tentar prevenir as patologias seria por meio de um desenvolvimento não estagnado da primeira infância. 

Para ele, saúde não seria sinônimo de ausência de doenças ou de nunca ficar infeliz ou de estar sempre saudável. A saúde estaria na flexibilidade, na possibilidade de sair desses estados, sem a pessoa ter que permanecer eternamente presa aos mesmos. Ele é bastante enfático ao afirmar que devemos deixar de lado os ideais de saúde absoluta.  

Meses antes de sua morte, no dia 08 de março de 1957, Reich redigiu seu testamento, o qual intitulou Last will and testament of Wilhelm Reich: Ele determinou que nada deveria ser alterado nos seus textos e que os mesmos tinham que ser guardados por cinquenta anos após sua morte, para garantir que não fossem deturpados. A justificativa dada por ele foi a seguinte: “Esses documentos são de crucial importância para o futuro das gerações dos que acabam de nascer” (Matthiesen, 2001). Além disso, deixou 80% da renda relativa a ele para o cuidado com bebês, crianças e adolescentes.

Escolas democráticas: Sudbury Valley School

Preservar a luz interior, a essência das crianças deve ser a meta principal dos Pais e seus auxiliares: Escolas e Professores.

A criança deve fazer seus estudos da forma mais flexível que for possível. Não podemos tomar todo o tempo das crianças com conceitos, etc.

E temos que nos alegrar pelas várias inciativas nesse sentido. Wilhelm Reich sempre alertou sobre a importância de proteger essa essência, que ele referia como Cristo dentro da criança. Seu livro sobre isso foi queimado no estado de Maine (EUA) ????? e faleceu na cidade de Portland, Maine – misteriosamente na prisão. E também seus trabalhos sobre curas. Mas deixou um legado, que é a necessidade de atravessarmos as nervuras criadas em nosso ser desde a gestação para um caminho espiritual. E a Escola está inserida.

“Onde você trabalha?”

“Na Escola de Sudbury Valley.”

“O que você faz?”

“Nada.”

“Não fazer nada em Sudbury Valley requer muita energia e disciplina, além de muitos anos de experiência. Eu fico melhor nisso a cada ano, e me diverte ver como eu e outras pessoas lutamos com o conflito interno que surge em nós, inevitavelmente. O conflito é entre querer fazer coisas pelas pessoas, transmitir seu conhecimento e passar adiante sua sabedoria arduamente conquistada, e a compreensão de que as crianças devem aprender por conta própria e em seu próprio ritmo. O uso que fazem de nós é ditado pelos desejos deles, não pelos nossos. Temos que estar presentes quando solicitados, não quando decidimos que devemos estar.

Sudbury School moves to Mount Washington - Baltimore Sun

Ensinar, inspirar e dar conselhos são atividades naturais que os adultos de todas as culturas e lugares parecem praticar quando estão perto das crianças. Sem essas atividades, cada geração teria que inventar tudo de novo, da roda aos dez mandamentos, da metalurgia à agricultura. O homem passa conhecimento aos jovens de geração em geração, em casa, na comunidade, no local de trabalho – e, supostamente, na escola. Infelizmente, quanto mais as escolas de hoje se esforçam para orientar os alunos individualmente, mais elas prejudicam as crianças. Essa afirmação exige explicação, pois parece contradizer o que acabo de dizer, a saber, que os adultos sempre ajudam as crianças a aprender como entrar no mundo e a se tornar úteis nele. O que aprendi, muito lenta e dolorosamente ao longo dos anos, é que as crianças tomam decisões vitais por si mesmas de maneiras que nenhum adulto poderia ter previsto ou mesmo imaginado.

Rijckenborgh School

Na educação infantil a preocupação é com a formação do Ser, considerando a superfície do Ser, a partir de conceitos estabelecidos, em número cada vez maior, desde os primórdios da civilização, que no entender de Wilhelm Reich aprisionam o Ser essencial da criança, a verdadeira natureza – que desperta daria um equilíbrio ao Ser em formação, no caminho da liberdade interior. Nesse sentido estamos sempre falando e evidenciando projetos educacionais modernos e coerentes com a era de Aquarius.

A Rijckenborghschool é uma pequena escola primária onde ‘Aprender com o Coração, a Cabeça e as Mãos’ é o ponto de partida. Além das disciplinas cognitivas, como linguagem e aritmética, projetos e a criatividade desempenham um papel importante na educação.

As crianças ainda estão naturalmente em contato com seu núcleo espiritual.  A criança precisa de um ambiente propicio para manter essa abertura natural, um ambiente no qual reconhecer e sentir os impulsos de sua alma. A escola quer oferecer um clima seguro e harmonioso, no qual a criança possa manter sua abertura interior natural e se desenvolver a partir da conexão com seu núcleo espiritual. Esse núcleo divino é chamado de “átomo primordial” ou “Rosa do coração”. Este núcleo divino ou luz quer se desenvolver, mas é limitado pela personalidade que persegue seus próprios desejos e conceitos.

Jan van Rijckenborgh fundou a Escola em 1962. Ele queria uma escola onde todas as crianças fossem bem-vindas, porque cada criança, independentemente da origem, cultura ou fé, tem a mesma curiosidade inata, uma abertura ao divino.

No momento, 10% das famílias são integrantes da Rosacruz e as crianças são, em sua maioria, do bairro ou da própria cidade.

As crianças começam cada dia com a leitura de uma história, que de uma forma ou de outra, se refere às três questões da vida. Contos de fadas e numerosos livros infantis cumprem esse objetivo. Após a história, uma música é cantada do cancioneiro escrito para os jovens da Rosacruz.

No desenvolvimento da expressão criativa e percepção espacial, a escola considera ações físicas concretas e a manipulação de materiais. A disciplina de teatro é ministrada a todos os grupos por professor da disciplina de teatro, onde nas histórias as crianças desenvolvem e brincam com ela.

As crianças aprendem a trabalhar e cooperar de forma independente. Eles aprendem a pedir ajuda e ajudar. 
A participação dos pais é primordial: orientações, cozinha, costura, excursões ou acampamentos escolares, ajuda nas festas, limpeza das salas de aula, manutenção do jardim, relações públicas, etc.

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Summerhill School – 1921 – 2021

MiamiLogoly parabeniza a Summerhill School pelo seu centenário. A primeira Escola Democrática.

“Summerhill School oferece um ambiente onde as crianças podem crescer felizes, livres de muitas ansiedades e neuroses do mundo exterior. Eles podem fazer parte de uma comunidade atenciosa e ativa e assumir responsabilidades reais à medida que aprendem mais e mais sobre o funcionamento de sua escola. Existem aulas de boa qualidade para as crianças irem se quiserem, mas a verdadeira força da escola é que essas aulas não são a preocupação central.

O currículo da Summerhill School abrange tudo o que acontece aqui: nem sempre há uma linha clara entre o aprendizado dentro e fora da sala de aula. Summerhill acredita fortemente que muito do aprendizado importante ocorre fora da sala de aula e é de natureza mais casual do que o permitido pela maioria das escolas. Portanto, consideraríamos o tempo que um grupo de adolescentes passa sentados juntos e discutindo tópicos de sua escolha como uma valiosa experiência de aprendizado. Apenas fazer parte da comunidade democrática Summerhill, viver com outras pessoas neste ambiente exclusivamente livre e ajudar uns aos outros é uma experiência de aprendizado inestimável.

A liberdade de assistir às aulas formais ou não na escola é uma característica central da filosofia da escola. As crianças têm a oportunidade de brincar sem limites, o que acreditamos ser bom para a sua saúde física e mental. As crianças podem preencher seu tempo com ações escolhidas livremente. Isso permite que eles se desenvolvam em seu próprio ritmo, apreciem o que fazem e alcancem os resultados que desejam alcançar. A responsabilidade individual na aprendizagem significa que as crianças podem continuar a trabalhar e a usar os espaços, estando ou não um adulto presente. Aulas com aprendizagem estruturada estão disponíveis para todas as crianças e organizadas em formato de horário com conteúdo flexível e atenção às necessidades e níveis de aprendizagem individuais. Também há aulas organizadas para que as crianças possam entrar e acessar materiais e recursos para realizar atividades e projetos individuais. Não há limites para as conquistas na aprendizagem independente: as crianças podem fazer o que quiserem, tanto quanto quiserem.

Ensinar em Summerhill é um desafio criativo. Queremos que os funcionários sejam pessoas em primeiro lugar e membros ativos da comunidade democrática. No entanto Summerhill é uma escola, com salas de aula e professores. As crianças não precisam vir para as aulas, mas como professor, sua responsabilidade é oferecer um excelente programa para aquelas crianças que desejam frequentar, permanecer neutras em relação às que não querem e ser encorajador com os alunos que desejam começar a aprender.

O humor pode ser um elemento importante na sala de aula, e uma abordagem descontraída e amigável é a melhor. Isso não significa, porém, que as aulas não possam ser precisas e bem organizadas!

Não há nada de errado em os alunos do exame saberem que algum trabalho de aula fora da classe pode ser útil para eles, mas suas aulas não devem depender da conclusão do dever de casa.

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Desenvolvimento natural do Ser Real, da Essência Pessoal

Muito se fala sobre o autoconhecimento e sua importância no caminho para o Mundo Real, que já faz parte de nosso ser. Autoconhecimento seria alcançar a plena consciência de que o Ser real está em nós, e dar voz a ele? Autoconhecimento também poderíamos utilizar para que nos conheçamos a partir do Ser muito especial que habita em nós, no fundo, o verdadeiro ser? Podemos também abranger mais e dizer que o autoconhecimento vai por toda nossa vida nesta parte tridimensional – sempre abrindo caminho, se abrirmos realmente nossos olhos, para que a quarta dimensão tenha prevalência em nosso ser.

Considero muito os ensinamentos de Wilhelm Reich quando fala das tensões musculares que se formam em nosso corpo ao longo do tempo de nossa vida. Veja, que Reich indica que as tensões musculares começam a se formar desde a gestação e principalmente nos primeiros anos de vida (principalmente na região superior de nosso corpo).

E tem sentido, a preocupação de muitos pensadores a respeito do período até os 3 anos de idade. Período em que o Ser humano real começa a ser esquecido e os conceitos começam a dominar na formação do Ser. Assim, o normal que seria a formação do Ser completo não ocorre.

Assim, se você, a partir das experiências da vida pretender encetar o caminho espiritual e reintegrar o Ser real – é necessário, descobrir em que ponto na fase até 3 anos perdeu o contato com o Ser Real. Veja, você tem que compreender o que ocorreu nesse período e não se preocupar se voltará a passar por essa lembrança, não tem como apagar ou forçar alguma coisa – se for desfeita essa causa de tensão, na base da plena aceitação da situação passada e ter em foco que a barreira mais difícil de transpor foi vencida. Dizem que, em nossa vida passamos por mudanças o tempo todo, mas a mais significativa está na faixa até os 3 anos.

Todas as mudanças por que passamos em nossa vida são muito superficiais – pequenas pedras ou tensões musculares, o importante realmente é chegar ao ponto onde, e os motivos que envolveram o distanciamento do Ser Real. Na realidade somente esse Ser Real existe, o resto de, digamos, nossa personalidade é tudo conceito, não passam de conceitos mentais.

Muitos pais procuram proteger a criança, especialmente no período até os 3 anos, pela influência do Ser Real em si mesmos.

Wilhelm Reich afirmava que o sistema trabalha para assassinar o Cristo que está na criança, apagar aquela Luz. Tanto incomodou seu livro, falava a respeito, que foi queimado (na democracia americana) junto com trabalhos científicos sobre a cura do câncer. Ele falava claramente, que tudo é feito para calar o Ser Real desde o nascimento, tanto pelos métodos científicos, como pelos próximos e que não davam a voz ao Ser Real em si mesmo.

Alexander Lowen, da bioenergética, também orientou a respeito, chegando ao ponto de falar sobre a importância da amamentação até os 3 anos de idade, por ser fundamental para o sistema respiratório ser completo e perfeito. Ele foi seguidor de Reich durante um período e sabia, como Reich, que respiramos muito mal, trocamos 1/3 do ar necessário a cada respiração. Veja, a importância disso para a renovação e alimentação do Ser Real. Essa respiração auxilia para aliviar os pontos onde temos tensões (desde essa idade), ou pode-se dizer nervuras.

Gudrun Burkhard, especialista na biografia humana, diz: “dentro do primeiro setênio, de zero a três anos, uma característica chama a atenção, que é domínio das forças formativas da cabeça”. Nesse sentido, Reich falava das tensões nessa região devido ao Ser Real ser substituído por conceitos mentais e intervenções brutais na formação da criança. Atualmente, vemos os cuidados de muitas mães no nascimento dos filhos até quanto ao primeiro banho,  somente depois de 24 horas do nascimento.

Essa é a maior pedra a ser removida no caminho espiritual, ou melhor, abrir caminho para o espiritual, voltando ao ponto onde foi perdido o contato. Interessante observar que o Ser Real ou Essência Pessoal está ocasionalmente presente nas crianças. E isso é muito importante.

Preste atenção, muitos tiveram a possibilidade de estar sem tensões, o que permite a presença do Ser Real, da Essência Pessoal. Aqui, cabe destacar as correntes de ensino (além é claro, dos Pais) que se preocupam com a formação da criança até sua juventude, sempre pensando na preservação da essência Pessoal, e lembramos aqui de vários como Comeníus, Krishnamurti, Steiner, Escolas JVR na Holanda, Escolas democráticas e outras vertentes mais modernas.

(…) nessa faixa etária, não são as capacidades de raciocínio, de agregar elementos ou de construir a partir de átomos que precisam ser incentivadas, mas a ativa imaginação infantil que vive no interior da criança, força que desprende do trabalho ágil e cheio de vida interior, ou seja, da configuração plástica do cérebro. Portanto dever-se-ia tentar evitar, tanto quanto possível, moldar a imaginação infantil em contornos rígidos e acabados. (Steiner)

A H Almaas, do Diamond Approach, também fala a respeito:

A quarta observação é que alguns alunos, após uma experiência inicial da Essência Pessoal, começam a relembrar experiências semelhantes na primeira infância, já no início do segundo ano. Às vezes, o processo de trabalhar as questões em torno da integração da Essência Pessoal envolve essas memórias pessoais. A quinta e última observação diz respeito à observação direta de crianças de várias idades, em situações normais de vida. O autor e alguns de seus associados observaram que a Essência Pessoal está ocasionalmente presente nas crianças. A experiência geralmente parece começar com um ano de idade, mas mais frequentemente no segundo ano. Sua frequência parece depender da idade e do caráter da criança.  Quando a Essência Pessoal parece estar presente, a criança se comporta de maneira confiante, forte, expansiva e mais adulta.  É incrível ver como uma criança que se comporta de maneira dependente e apegada, e que não mostra sinais de capacidade para uma maior individuação, pode repentinamente, quando a Essência Pessoal está presente nela, começar a agir de forma mais independente e adulta.  Nessas ocasiões, as funções da autonomia são maiores e mais integradas.  A coordenação física é melhor, a linguagem de repente fica mais fácil e as interações com os outros parecem fazer mais sentido.  Também há uma expressão clara de alegria na individuação da criança.  Todas essas observações indicam uma relação direta entre individuação e a presença da Essência Pessoal.  Mais importante para nossa investigação, parece haver uma relação entre a experiência da Essência Pessoal e o desenvolvimento do ego, embora essa relação não pareça ser direta e certamente não seja uma identidade de equivalência…

A teoria do condicionamento da aprendizagem e as descobertas das várias psicologias profundas revelam que, na primeira infância, as defesas são necessárias, em parte devido às inadequações ambientais e em parte devido à incapacidade do organismo humano ainda imaturo.  A necessidade de defesa e a internalização de muitas falsidades têm outra causa que raramente é observada na psicologia: é a onipresente ignorância do Ser na maioria das sociedades humanas.  Essa ignorância é absorvida pelo bebê em desenvolvimento e se torna parte da estrutura do ego. A identidade da personalidade se desenvolve na ausência da consciência do ser.  A presença do amor auxilia no processo do metabolismo, mas não tem muita força quando falta compreensão.  É necessário um grande conhecimento de natureza especializada para que as crianças sejam criadas de forma a conduzi-las ao desenvolvimento humano completo.  O conhecimento psicológico e espiritual agora disponível para a maioria das sociedades humanas é insuficiente para esta tarefa, porque o Ser é quase completamente ignorado na perspectiva social normal.  Parece que algumas tradições espirituais ainda possuem fragmentos desse conhecimento especializado, principalmente aquelas tradições que têm uma longa história de transmissão de experiências essenciais através das gerações.  Temos em mente algumas escolas budistas tibetanas e algumas escolas sufis da Ásia central.  Mesmo quando as circunstâncias favoráveis ​​permitem que a pessoa permaneça conectada ao Ser enquanto cresce, ela ainda desenvolverá uma autoimagem, mas a identificação com a autoimagem seria mais flexível e transparente…

Por outro lado, a curiosidade envolve amor pela verdade e alegria na verdade. A verdadeira curiosidade é uma qualidade rara.  É uma qualidade do Ser, e geralmente mata a curiosidade para evitar a exposição da falsidade do ego.  Podemos até ver a verdadeira curiosidade nas brincadeiras das crianças. Frequentemente, quando uma criança é um novo objeto, ela fica tão curiosa e tão envolvida em investigações que fica completamente absorta na atividade, separando ou juntando o objeto novamente, ou qualquer que seja.  Ele não está buscando resultado, ou tentando ganhar algo. Na verdade, depois de um tempo, quando sua curiosidade for satisfeita, ele provavelmente jogará o objeto fora, como se ele não tivesse mais interesse para ele.  Mas durante a investigação, que tem o caráter de brincadeira, ele fica totalmente absorvido, completamente arrebatado, desfrutando e amando a investigação…

Na infância, isso se manifesta geralmente no início da fase de aproximação, no comportamento da criança.  quando ele percebe que sua onipotência não é real.  Ele tenta coagir sua mãe de volta à unidade dual, por todos os tipos de tentativas de controle.  Ele tenta controlar sua distância dela.  Ele quer ter o controle da situação em suas próprias mãos, e é muito importante para ele fazer o que quer.  As tentativas de controle e o desejo de seguir seu próprio caminho podem ser vistos como um reflexo da necessidade da criança de afirmar sua própria vontade.  O conflito de reaproximação é entre seguir seu próprio caminho ou submeter-se aos desejos da mãe. Isso depende obviamente de perceber os desejos da mãe como não idênticos aos seus.  Seu desejo de afirmar sua própria vontade pode se manifestar como um comportamento negativista e uma necessidade de controle, porque tais comportamentos implicam separação e autonomia para ele.  No entanto, quando seus desejos são diferentes daqueles de sua mãe, ele sente que deve se submeter aos desejos dela se deseja o amor dela e deseja estar perto dela.  Mas isso significa abandonar sua própria vontade e, portanto, sua autonomia.  Portanto, ele vê a situação como um conflito entre ter sua vontade ou ter a fusão com a mãe. Na verdade, é um reflexo de dois desejos, ambos importantes, mas muitas vezes vividos pela criança como antitéticos: o desejo de fusão e o desejo de autonomia. A autonomia é vista aqui como a capacidade de fazer cumprir a sua vontade, fazendo o que quer.  No nível essencial, isso se manifesta como um conflito entre os aspectos da Fusão e da Vontade da Essência.  A Essência da Vontade é muito importante para a separação e individuação, tão importante quanto a Essência da Força.  A força dá ao indivíduo a energia e a capacidade de iniciativa, a vontade, por outro lado, é uma espécie de força, mas é a força da persistência, de poder ficar com uma tarefa até o fim.  É a capacidade de resistência, persistência e realização.  Parece uma sensação de solidez, de apoio interno, de determinação e confiança.  Se a Essência Pessoal parece “Eu sou” e a Essência da Força parece “Eu posso”, então a Essência da Vontade parece “Eu vou”.  É a confiança nas próprias habilidades.  Sua perda leva principalmente a um estado de castração e inadequação do ego. O indivíduo, então, não sente nenhuma confiança em si mesmo ou em suas capacidades.  Ele não sente nenhum apoio interno ou fortaleza, nenhuma espinha dorsal, nada para se apoiar.  Este aspecto é necessário para a individuação porque é a confiança de que se pode estar por si mesmo.  É realmente a vontade de ser, o suporte para ser você mesmo.