2025

O que dizer sobre o ano que começa?

Mais uma vez desejar um novo ano feliz e com realizações?

E os anos vão passando até o seu último dia, o dia da despedida deste período físico no Planeta/ Universo.

Ficamos anos e anos correndo atrás da realização, do grande dia, dos dias felizes. Nos despedimos daqueles que partem, aguardando a nossa partida e questionando se o outro realizou.

E procuramos cada vez mais, e mais. Procuramos a Realização, aquele momento de plena PAZ. Corremos tanto que não percebemos que basta parar de procurar.

A realização e a felicidade estão dentro de nós. Díficil aceitar que basta não procurar mais, pois ela já é.

Quando não procurar mais você vai dar importância aos relacionamentos – que são a base da vida e vai Escutar (saber dar atenção aos outros e real troca de experiências).

Escutando os outros, partilhando experiência pura nos relacionamentos -finalmente dará ouvidos ao verdadeiro em seu ser – a Realização.

H.D. Thoreau

“Não tente tão ansiosamente se desenvolver, nem se submeter ao efeito de muitas influências; é pura dissipação. A humildade, como a escuridão, revela as luzes celestiais. As sombras da pobreza e da crueldade se acumulam à nossa volta, “e, vejam!, a criação se revela aos nossos olhos”. Somos muitas vezes lembrados de que se nos fosse concedida a riqueza de Creso, rei da Lídia, nossos objetivos deveriam continuar sendo os mesmos, e nossos gastos, essencialmente os mesmos. Mais ainda, se você é constrangido em suas possibilidades pela pobreza, se não pode comprar livros e jornais, por exemplo, você se limita às experiências mais significativas e vitais; você é obrigado a lidar com o material que contém mais açúcar e mais amido. A vida é mais saborosa perto do osso. Você fica imune à frivolidade. Ninguém perde nada em um plano inferior por sua magnanimidade em um plano superior. A riqueza supérflua só compra supérfluos. Não é preciso dinheiro para comprar uma necessidade da alma.

Moro no ângulo de uma parede de chumbo, em cuja composição se acrescentou um pouco de bronze de sinos. Muitas vezes, no repouso do meio-dia, chega aos meus ouvidos um confuso tintinnabulum lá de fora. É o alarido dos meus contemporâneos. Meus vizinhos me contam de suas aventuras com cavalheiros e damas famosos, que sumidades encontraram à mesa do jantar; mas essas coisas me interessam tanto quanto o conteúdo do Daily Times. O interesse e a conversa giram principalmente em torno de boas roupas e bons costumes; mas um ganso ainda assim é um ganso, não obstante o modo como você o prepare. Eles me contam sobre a Califórnia e o Texas, sobre a Inglaterra e as Índias, do ilustríssimo senhor… da Geórgia ou de Massachusetts, todos fenômenos passageiros e fugazes, até o momento em que estou prestes a sair correndo daquele quintal, como bei mameluco. Adoro voltar a mim mesmo – não caminhar em procissão com pompa e ostentação, em lugar de destaque, mas caminhar de igual para igual com o Construtor do universo, se possível, não viver nesse século XIX irrequieto, nervoso, agitado e trivial, mas parar ou sentar pensativamente enquanto ele passa. 

O que as pessoas estão comemorando? 

Estão todos em algum comitê de preparativos, e de hora em hora esperam um discurso de alguém. Deus apenas preside aquele dia, e Webster é seu orador. Adoro ponderar, pesar, gravitar em direção àquilo que me atrai com mais força e legitimidade – não tentar me pendurar na travessa da balança e tentar pesar menos, não supor uma situação, mas agir na existente; percorrer o único caminho possível para mim, e no qual nenhuma força poderá me deter. Não me dá nenhuma satisfação começar a construir o arco antes de ter uma fundação sólida. Não vamos brincar no gelo fino. Há um leito sólido em toda parte. Lemos que o viajante perguntou ao menino se o pântano diante deles tinha fundo firme. O menino respondeu que tinha. Mas então o cavalo do viajante afundou até a cilha, e ele disse ao menino: “Pensei que você havia dito que o charco tinha fundo firme”. “Ele tem”, respondeu o menino, “mas o senhor ainda não chegou nem na metade do caminho até onde começa a ficar firme.” Assim é também com os pantanais e as areias movediças da sociedade; mas só um menino crescido sabe disso. Apenas aquilo que é pensado, dito ou feito com uma certa coincidência rara é bom. Não sou daqueles que insensatamente batem um prego no mero gesso com ripas da parede; tal atitude me deixaria sem dormir por noites a fio. Dê-me um martelo, e deixe que eu tateie até encontrar a viga. Não confie no reboco. Bata um prego até o fim e entorte a cabeça com confiança a ponto de acordar à noite e pensar em seu trabalho com satisfação trabalho para o qual você não teria vergonha de invocar a Musa. Assim Deus o ajudará, e só assim. Cada prego batido deveria ser como outro rebite na máquina do universo, sendo você o encarregado do trabalho.

Em vez de amor, dinheiro ou fama, dê-me a verdade. Sentei-me a uma mesa onde havia boa comida e vinho em abundância, e um público obsequioso, porém não havia sinceridade e verdade; e fui embora com fome dessa mesa pouco hospitaleira. A hospitalidade era fria como o gelo. Pensei que não haveria necessidade de gelo para esfriá-los ainda mais. Falaram-me sobre a idade do vinho e a fama da safra; mas eu pensava em um vinho mais antigo, mais novo, mais puro, em uma vindima gloriosa, que eles não tinham e não poderiam comprar.”

H. D. THOREAU

Afundando os barcos

Interessante refletirmos sobre a ideia de largar todos nossos conceitos e dos outros. Esses conceitos e outras teimosias de nossa parte, podemos definir como barcos ou muletas que nos ajudam a caminhar, parar de pé. Mas chegará um momento, a partir das vivencias das experiências, com a sintonia cada vez mais fina da consciência – e antes de chegar a outra margem do rio da vida – em que precisaremos afundar todos os barcos, largar as muletas, etc. No caminho espiritual temos que tudo abandonar, porém, não é do dia para noite. Veja a visão bem atual de Almaas sobre tudo o que dissemos:

“Talvez você descubra que errou para começar, que o mundo inteiro foi uma invenção da sua imaginação. Talvez você tenha pensado todo esse tempo que tinha que fazer as coisas e depois descobrir que elas são feitas por si mesmo…

Cada um de nós tem uma criança interior que é ignorante, assustada e desligada da essência real, que não é tocada por nossas experiências sublimes e transcendentais, que ainda precisam ser cuidadas e amadas. Não podemos tentar nos livrar dela, nem ela simplesmente desaparecer por causa de nossas experiências de iluminação. Tentar se livrar dela é impossível e o caminho errado a seguir. Se tentarmos nos livrar dela, a criança interior ficará mais obstinada e assustada. Precisamos educá-la com cuidado e amor. Então, com o tempo, a criança interior se dissolverá, amadurecerá e se tornará mais suave. Ele se fundirá naturalmente com a natureza essencial e se integrará. Mas ela se permitirá derreter apenas se se sentir amada e segura…

Viver uma verdadeira vida humana significa a integração do que esquecemos e do que não sabemos, do ego e da essência. É a união, a harmonia da superfície com a profundidade. Nós, ego e essência, nos tornamos um. Tornamo-nos um por completo. Amadurecemos como uma alma não dual…

Você está lidando com sua vida, sua situação, sua mente, seu coração e sua natureza. Você pode usar todos os conceitos e ideias disponíveis de fora, como eu disse, mas use-os de forma inteligente. Use-os como veículos, como barcos, não como a própria verdade. Use-os para descobrir o que é verdade, não apenas para se consolar com o que pode ser verdade. Use-os para confrontar a sua verdade, não para evitar certas verdades. Assim, aos poucos, aprendemos a nos tornar mais autônomos, mais independentes…

É possível ser real além das ideias, além dos barcos, além dos livros e ensinamentos. Você pode andar com seus próprios pés; você pode ser sua natureza além das palavras, além dos conceitos, além dos ensinamentos. Você pode simplesmente ser, e esse será o maior ensinamento, o maior testamento para a humanidade. Para ser um ser humano verdadeiramente maduro, você tem que ir além de todo conteúdo da mente, o seu e o dos outros. A realidade é o que é, não como a chamamos, não o que pensamos sobre ela, não o que dizemos sobre ela. A realidade está além de todas as criações da mente, independentemente de quão sublime e espiritual. Haverá mais criações no futuro. Nossa mente não para de criar conceitos e nunca vamos parar de ouvir histórias…

Portanto, o verdadeiro estado de realização é na verdade uma falta de apego à realização. Quando você é realmente autônomo, você é verdadeiramente maduro. Você não precisa de barcos; você não precisa nem pensar que não precisa de barcos. Você não precisa pensar que é iluminado. Se você precisa pensar que é iluminado, ainda precisa de um barco. Para ser um ser humano verdadeiramente maduro, você não precisa pensar em nada sobre onde está. A iluminação é uma ideia que foi criada porque as pessoas se esqueceram de como ser elas mesmas. Se os seres humanos nunca esquecessem seu estado original, não haveria ideia de iluminação…

Quando você percebe a verdade, porém, vê que não precisa de um barco, pois já chegou à terra. Você só precisa de um barco quando ainda não atingiu a terra. Mas o barco não pode levá-lo até a costa. Você deve se molhar. Você tem que deixar o barco em algum ponto antes de chegar à costa. Você tem que molhar os pés…

Afundar os barcos significa afundar todos os barcos, não apenas a oração e a meditação. Os métodos espirituais nada mais são do que usar a própria atividade do ego a serviço da verdade – pelo menos para os primeiros estágios do caminho. O ego começa a trabalhar a partir do momento em que é criado. Todos estão trabalhando em si mesmos o tempo todo, muito antes de ingressarem em uma escola de trabalho. Todos estão tentando se tornar melhores: mais amorosos, mais fortes, mais inteligentes, mais bem-sucedido, mais útil, mais bonito e assim por diante. O trabalho simplesmente direciona essa tendência compulsiva do ego para si mesmo. Você pode estar trabalhando para alcançar a felicidade, riqueza, fama, alguém que ame você, iluminação ou Deus. É tudo a mesma coisa. É a mesma pessoa tentando fazer isso, tentando chegar a algum lugar. Por que você quer orar ou meditar? No momento em que você se senta e digamos que você queira meditar, você já tem esperança de que algo acontecerá.

Você está trabalhando em si mesmo. A mesma pessoa e a mesma atitude ficava quieta para que a mamãe te amasse, para que o papai não batesse em você. Você quer a mesma coisa, ficar em paz, ser feliz. Quando você era criança, você tentava ser bom agradando sua mãe; agora você tenta ser bom meditando. Mas as pessoas que criaram as meditações são espertas porque através da meditação você verá, em algum ponto, que o que você está fazendo é uma atividade sem esperança. Mais precisamente, o que separa os bons métodos espirituais dos esforços normais do ego é que eles estão configurados para se autodestruir em algum ponto. A atividade do ego é infinita e não reflete a si mesma. Os métodos espirituais ajudam você a ver o que você é e o absurdo de tentar se iluminar. Quando você chegar a este ponto, estará pronto para afundar seus barcos.

Então, simplesmente vivendo, você está meditando, orando e amando a verdade o tempo todo, sem saber que está fazendo isso. A realização tornou-se inconsciente. Enquanto for autoconsciente, ainda haverá apego. No momento em que você está consciente do que está fazendo e quer que seja bom, você sabe que ainda precisa daquele barco. É uma jornada profunda e difícil chegar ao ponto em que a realização é inconsciente. Os seres humanos têm sorte se têm lampejos dessa verdadeira naturalidade de vez em quando. Para realmente afundar nossos barcos e amadurecer, teremos que passar por grandes dúvidas e grandes medos. Precisamos entender como nossa mente funciona, a verdadeira dinâmica da experiência. Precisamos estar sozinhos no universo. Muitos poucos seres humanos realmente fazem isso. Mas é possível e revela a verdadeira dignidade e maturidade humanas”.

Os jovens e o caminho espiritual no século XXI

O caminho espiritual é uma preparação para o despertar espiritual – quando se tem a percepção de que algo repentino e pouco usual se nos apresenta como: um raio luminoso, uma luz, um momento mágico, um instante de pausa inesperada, repentina alegria. São momentos rápidos e que ocorrem quando menos se espera, pois é algo ligado a uma outra força, uma luz-força que não vemos, mas que tudo sustenta e está dentro de nós.

É um momento mágico e que traz um conforto interior inigualável – e já queremos que se repita ou informar outros sobre esse acontecimento tão precioso, e ignorado na maioria das vezes. E queremos transformar em rotina, criar um manual ou escrever um livro. O despertar espiritual, lampejo passageiro pode e deve se repetir – mas somente em momentos em que a chave de tensão cai, uma pausa repentina e da qual não temos controle – caso contrário iriamos prendê-lo, tê-lo como posse. Isso mostraria que ainda estamos presos numa gaiola. E muitos movimentos ditos espirituais surgem a partir de um só desses insights.

E isso está acontecendo com qualquer um e normalmente não se tem percepção do fato – e ocorre quando estamos em alguma atividade durante a qual esquecemos de nós mesmos.

É a manifestação de nossa essência. O real em nós.

E quanto ao planeta? No atual momento grande parte de seus habitantes e o próprio planeta caminham juntos na viagem interior e as máscaras ou cortinas vão caindo e vai clareando e possibilitando a visualização de galáxias e sistemas solares distantes, com equipamentos precisos – é o nosso interior mais profundo sendo revelado.

E tem outra viagem, paralela e importante, para o espaço interior das células que sempre se renovam a partir das tronco, onde a verdadeira magia da vida acontece, como dito por Bruce Lipton, e mais diz ele: “Eu sou o mestre da minha atividade genética.” Você é?

É tão simples assim?

E os jovens de 5 a 25 anos?

Todas as informações, e são muitas, quanto ao espiritual estão disponíveis para quem quiser, e como quiser, utilizando buscas que utilizam a Inteligência artificial (que nós alimentamos e continuaremos a alimentar – com informações durante a utilização pelas perguntas feitas, diálogos captados de aparelhos celulares ou câmeras inteligentes interligadas a cada esquina das cidades). Se o jovem tiver discernimento para tal não existem limites. Mas não pode parar por aí.

Para prosseguir precisaremos recordar alguns acontecimentos passados e importantes para clarear o atual momento e desvendar os princípios de um caminho espiritual realmente novo no Século XXI, com ênfase nos jovens. Pesquisas recentes mostram que 31% dos jovens de 5 a 25 anos (jovens americanos) disseram que não pretendem frequentar movimentos religiosos ou espirituais. Outros 50% se dividem entre católicos e evangélicos (frequentando ou tem simpatia) e 19% frequentam trabalhos espirituais entre as várias escolas e vertentes. Não é muito diferente no Brasil.

Nos últimos tempos foi aberta gradativamente uma possibilidade cada vez maior para o desenvolvimento espiritual, graças ao trabalho interior e mensagens libertadoras de muitos pesquisadores sérios da Verdade: que dormita um ser, uma força, uma luz, um botão de rosa em nosso mais profundo interior e que precisaria ser despertado, germinar, irradiar novamente, se abrir. Como a flor de lotus que surge no pântano escuro de nosso ser.

A pergunta que fica no ar é se todos estão preparados no básico: ponderar sobre a necessidade de cura de seres desequilibrados psicologicamente e dar um passo além do equilíbrio (no momento psicológico – se estiver pronto) – o campo espiritual.

A seguir, abordaremos 3 opções muito interessantes para elucidar e clarear o ponto onde é necessário um novo caminho espiritual para os jovens. O básico é saber que praticamente todos nós temos traumas, por exemplo o medo (medo vem de que lugar?), que podem ser minimizados com atuação da Psicologia moderna, na Educação do século XXI e mais lentamente (mas efetivo) nos movimentos espirituais atuais:

  1. O caminho da Psicologia moderna
  2. A Educação moderna
  3. Escolas e movimentos espirituais atuais

O caminho da Psicologia moderna

Vamos recordar o que Henri F. Ellenberger nos traz em seu livro “A descoberta do Inconsciente”: “Nenhum ramo do conhecimento passou por tantas metamorfoses como a psiquiatria dinâmica: da cura primitiva ao magnetismo, do magnetismo ao hipnotismo, do hipnotismo à psicanálise e às escolas dinâmicas mais recentes”. Processos utilizados para revelações do inconsciente – somente por motivo extremo, para atendimento de casos de claro e aparente desequilíbrio do ser. E o fim seria a reintegração da pessoa no normal aparente, com o objetivo de se integrar novamente, digamos com a sociedade – algo básico.

E neste ponto é bom frisarmos que parte dos pesquisadores do inconsciente tinham aberto espaço para seu ser interior, a essência se manifestando em muitas ocasiões – e nesse caso poderiam auxiliar realmente outra pessoa (como um Psicólogo ou Mentor pode auxiliar alguém se não chegou ou ultrapassou à fronteira do espiritual em seu próprio ser?).

A realidade é que, tempos atrás, as necessidades de sobrevivência não permitiam uma pesquisa mais aberta e profunda sobre o espiritual e quando o manifestavam externamente eram duramente criticados e perseguidos.

Mas não é tão simples assim. Pois no trabalho desenvolvido é necessário que a pessoa, conduzida pelo terapeuta, relembre fatos marcante que resultaram no seu desequilíbrio emocional e psicológico. E como foi importante a descoberta do inconsciente e como dito acima tinham métodos para acessá-lo e tentar descobrir o trauma.

Pierre Janet falou do desvelamento de possível inconsciente fixo. E faço a ligação vindo já para um tempo mais recente com os trabalhos do revolucionário Wilhelm Reich. Faço a ligação dessas partes fixas do inconsciente com as couraças de Reich.

Segundo Reich, essas emoções mais fortes ou traumas resultam em nervuras-couraças (energia acumulada): grandes decepções, primeiros contatos com o mundo externo ao nascer e até antes, grandes pressões e violência seja na família, escola e comunidade etc. Reich propôs que a manipulação das couraças liberaria o fluxo de energia acumulada. (Há sete segmentos de couraça muscular, segundo Reich: cervical, peitoral, diafragmático, abdominal, ocular, oral e pélvico).

Podemos comparar as couraças de Reich com o subir às montanhas (conforme as couraças formadas) e descer quando desvelado algum trauma, dissolvendo a couraça (aquela montanha já não existirá mais). E assim vai, montanha a montanha, couraça a couraça.

Até chegar na principal, digamos o primeiro grande trauma sofrido – onde a essência, primordial e interior do ser, o real em nós, até então preponderante no sistema do recém-nascido (nos primeiros 7 anos ou gestação) sofreu um trauma causado por alguma atividade exterior violenta, tipo: briga na família durante a gestação, trauma no período da gestação, trauma no nascimento, brutalidade e incompreensão para com o pequeno ser, atividade no período escolar com a possibilidade de relacionamentos viciosos e maldosos, com relação aos professores, movimentos religiosos desvirtuados, sociedade preocupada somente com o material e cada um defendendo seu osso, etc.

O medo está ligado a uma dessas couraças.

E Reich abriu caminho para a Psicologia moderna, e foi o primeiro a trabalhar em contato com o corpo. Enfoque na respiração (ele afirmava e com razão que os homens não respiram) e por meio de pequenos movimentos sutis propostos ao paciente poderia dissolver as couraças. Certamente, a intenção é buscar os pontos de tensão.

Um seguidor de Reich, Alexander Lowen, criou o grounding, uma das técnicas mais famosas e utilizada na Psicologia Corporal de Lowen – a Bioenergética. Esta técnica tem como objetivo levar a pessoa a movimentos espontâneos, coordenados e efetivos, à qualidade da graça natural – um fluxo de excitação percorre o corpo, da cabeça aos pés. Junto com Pierrakos, criou posturas em pé, e outras posições e ações, para promover vibrações, com o objetivo de liberar as tensões crônicas. Para Lowen, na posição de pé a pessoa pode sentir o solo e o eixo do seu corpo.

Neste ponto é bom repetirmos que se o terapeuta ou digamos, mestre, não tiver feito o processo em si – processo este em que se equilibra o ser desta natureza abrindo caminho para o espiritual (Lowen foi aluno do Reich) – não vibrará imperceptivelmente o lado espiritual. E aqui coloco os tratamentos posturais do RPG (reposicionamento corporal) que abrandam certas couraças e somente um paciente que desenvolveu algo espiritual usufruirá indiretamente.

Se o seu ser está equilibrado o próximo passo é o espiritual, e caso o mestre não o tenha feito o paciente, digamos, ou pesquisador não terá o suporte interior necessário e fortalecerá em muito a personalidade, que deveria se tornar flexível para abrir caminho para o espiritual, permitir que sua essência interior se manifeste.

Veja, o problema crucial na Psicologia é o terapeuta – que precisa, é primordial, se conhecer interiormente e que sua força (luz) interior – essência – vibre.

Imagine, quantos Pais e Avós etc. passaram por um processo autêntico na Psicologia Moderna e ultrapassaram o limite para o espiritual – qual o estado de seus filhos, ou, reflexo nos jovens da Geração Z, ou Y?

A Educação moderna do século XXI

Os jovens que frequentam escolas diferenciadas e com trabalhos por projetos (e não aulas e avaliações tradicionais que só causam mais traumas – um ensino sem efetividade) e democráticas e Pais (principalmente) que já estão mais livres de pressões – têm sua essência preservada e atuante em sua maioria. Existe grande possibilidade de não terem formado couraças, grandes traumas – pelo tratamento diferenciado e baseado somente no amor.

Desde o surgimento das Escolas ditas democráticas (Summerhill), Ensino Waldorf, Escolas Lumiar e sua pedagogia mosaico, Escolas Reggio Emília, as Escolas influenciadas pelo José Pacheco (Open Learning e Escola da Ponte) e tantas outras – onde o Professor é um colaborador e a criança a referência principal do ensino (recebe com alegria os excluídos). Onde professores e orientadores ainda estão vivos (como diz o educador português José Pacheco). Estive em contato com Pais da Escola criada pelo Krishnamurti – a Oak School, Ojai na Califórnia (tem outras 2 na Índia e na Inglaterra). E quem não se lembra da fenomenal Escola do Leo Tostoi: Yasnaia Poliana.

Nada contra outras escolas que por vezes têm professores diferenciados (livres interiormente) ou Pais livres e libertos. Nesses casos a criança preserva em seu ser a pureza original, a essência de seu ser sinalizando que não sofreram traumas profundos.

Vejam, quantos seres foram tocados com esses processos de ensino. Quantos jovens de hoje e até avós estudaram nessas escolas especiais e se tornaram seres humanos no real sentido da palavra. Um ser humano diferenciado e liberto – um passo para o espiritual.

Como Reich dizia em seu livro, o Assassinato de Cristo, que as crianças desde a gestação sofriam traumas familiares e em todo o procedimento de nascimento, ensino etc.

E já faz um tempo que pais decidem fazer os procedimentos de parto de modo mais natural e sem causar traumas no pequeno ser que nasce.

E esses jovens em sua maioria começam a manter relacionamentos em que o outro sempre é uma página em branco, como um primeiro encontro.

Escolas e movimentos espirituais atuais

O outro caminho que tínhamos até as portas do século XXI e ainda valida para muitos, e não mais para os 31% de jovens, são as Escola Espirituais e Mestres que trouxeram a boa nova sobre o caminho espiritual e o objetivo de estarmos vivos neste universo. Não podemos esquecer, que em qualquer movimento espiritual muitos conseguem se abrir para o novo (poderíamos dizer sair da gaiola) e voar como Fernão Capelo e Gaivota. E de todo e qualquer movimento religioso existente e trabalhos orientais.

Considero autenticas Escolas Espirituais as que utilizam um item básico e fundamental (um fechamento de todos os importantes e necessários trabalhos que realizam): reuniões em grupo, onde seres se relacionam como páginas em branco – permitindo um contato de essência para essência entre todos. Veja aqui a importância do relacionamento (as máscaras caem uma a uma) em plena liberdade.

Sempre é bom um alerta neste caminho, e que mostra sua naturalidade, como dizia J. van Rijckenborg:” Da primeira à última letra compreendemos, no grupo unido no Espírito, qual é nossa verdadeira tarefa neste mundo, tarefa que exige tanta força e amor, que qualquer interesse por viver nas altas esferas mais atrapalha do que ajuda. Porque a realidade suprema é o serviço a todos: o amor que serve”.  

No tocante às reuniões em grupo, no trabalho de Hamed Ali (A.H. Almaas) e Karen Johnson, na Diamond Approach (em inglês e iniciando em Portugal), eles utilizam logo no primeiro contato, se necessário, a psicologia moderna para remover as couraças (Reich) (dentro das possibilidades de cada ser) e trabalhos em grupos em período prolongado (em média 4 horas de reunião) – sempre com objetivo de despertar a essência adormecida.

Diz Hamed: “Nós ignoramos o fato real de que a união é a ausência de limites”. Incluo que nem sempre 1 + 1= 2 em termos espirituais.

E sobre o medo: “Se formos capazes de permitir o medo ou o ódio, abraçá-lo, agarrá-lo, e senti-lo plenamente em sua totalidade – em toda a sua textura, cor e vivacidade – daremos a ele espaço para ser ele mesmo” e continua: “é natural para nossa verdadeira natureza mover-se, desdobrar-se, iluminar-se e revelar do que se trata”.

Nos trabalhos do Echkart Tolle e a Kim você faz posicionamentos especiais (couraças), música e encontros (como nos trabalhos de Adyashanti).

Sobre trabalho espiritual e iniciação, relembro do The Golden Sufi Center criado pela Irina Tweedie, o seu livro muito especial “Daughter of Fire: A Diary of a Spiritual Training with a Sufi Master “– onde conta sobre sua iniciação e até as doações financeiras substanciosas que fez para os necessitados – fundamental para os desdobramentos finais do seu caminho espiritual.

O caminho para o espiritual seria frequentar esses movimentos/escolas espirituais objetivas por bons anos, onde se espera que pelos encontros em templos, reuniões em grupos, e através de conceitos/informações despertar a essência. Com auxílio efetivo de rituais diários. Ainda destaco a importância do relacionamento entre os participantes.

Processo longo e risco da personalidade se impor sorrateiramente (Rijckenborg:” interesse por viver nas altas esferas mais atrapalha do que ajuda”), e querer seguir o caminho – pois nem sempre as couraças/barreiras são dissolvidas, pois esse é um foco secundário e transparente, exceto na Diamond Approach.

E assim, muitos podem chegar a principal couraça que realmente libera a essência adormecida que passaria a falar mais alto e tocar as pessoas ao redor e em qualquer relacionamento.

A Antroposofia de Rudolf Steiner, com os medicamentos homeopáticos decimais da Weleda, Escolas Waldorf e alimentos da Agricultura Biodinâmica, atua na formação, alimentação e saúde de muitos jovens – a partir do interesse de seus pais.

E tem muitos autores e palestrantes como Ken Wilber e outros que trazem informações preciosas para os buscadores espirituais e que auxiliaram muitos Pais e até mesmo os jovens.

E agora no século XXI

Essas escolas iniciáticas seguem seus trabalhos – existem inúmeros pesquisadores/buscadores tendo percepção do momento e buscando um porto seguro para ancorar seus barcos até não precisarem mais dos barcos. A exceção são os jovens que já não têm interesse em frequentar esses movimentos e muitos outros, existindo institutos de pesquisas trabalhando nisso nos EUA.

Veja que maravilhoso momento estamos vivendo, que presente estarmos vivos. Foram abertas as portas para um novo trabalho e foi possível graças ao esforço de inúmeros pesquisadores profundos do espiritual, que abriram as fronteiras e criaram um cosmo de especial natureza e que está ao alcance de todos.

O agora.

O caminho espiritual dos jovens no século XXI

Este é o momento atual no universo – tudo sendo desvelado desde seus seres e o próprio universo. Tudo é mais simples para parte desses jovens.

Neste momento ímpar, grande parte dos jovens (da faixa dos 31% citado acima) da geração Z já estão preparados e sem couraças, ou leves. Esses tiveram criação moderna onde desde a gestação foram recebidos em harmonia, famílias equilibradas e livres e em Escolas livres de aulas, provas e castigos. Muitos Pais e Avós já os trataram diferentemente pois se prepararam e hoje em dia vivem momento a momento (formados no ensino por projetos, frequentando Escolas Espirituais, ou na Psicologia moderna). Claro, que não é uma constante – mas pode ser.

Vivem livres e sempre voando acima, ultrapassaram a fronteira e veem cada vez mais claramente dentro de si, abrem caminho e derrubam véus e chegam ao sistema solar interior e uno.

A palavra-chave do século XXI é o RELACIONAMENTO. Os jovens já estão em relacionamento sem rotular a/o outro/a do relacionamento.

Relacionamentos, na própria opinião dos jovens da geração Z, é o sagrado sendo revelado.

E está aberto o caminho para que esses jovens se relacionem a nível local e mundial (o que já está começando com algumas iniciativas).

O contato real entre as pessoas, de essência para essência e não palavra para palavra (sem rotular, colocar uma etiqueta sobre o outro – tem que ser sempre algo novo, página em branco).

E a realização espiritual, momentos de iluminação ocorrem quando o momento presente impera, sem oposição do passado e futuro. Momento que ocorre quando a personalidade não está nem no passado nem no futuro e pode ser agora – já. Seja lavando louças, se relacionando com amigos, show de música, filme, passeando etc. podem advir momentos de iluminação – como os próprios Z dizem em pesquisas recentes.

A essência vive e se manifesta cada vez mais.

Tudo isso posto, vemos que os jovens principalmente da geração Z em sua grande maioria (dentro dos 31%) estão preparados e já vislumbrando o potencial interior e dando lhe oportunidade para se manifestar.

Cabe aqui uma definição da palavra do momento Pansexual (prefiro panrelacional): um novo relacionamento na base da pureza interior do ser onde não se vê classe social, cor, sexo, alimentação, roupas etc.

Michael Aaron, psicoterapeuta e terapeuta sexual: “Pansexual é uma palavra ampla e isso ocorre porque as pessoas querem liberdade para se identificarem da maneira que quiserem, sem que ninguém as rotule”.

É importante que algumas pessoas mais idosas em quem a força interior fala mais alto se integrem com os jovenzinhos (5 a 25 anos (Z) e alguns da Y) e permitam eles decidirem o que fazer no tocante ao espiritual, caminho pelo qual já trafegam (chega dos maiores e mais antigos decidirem o que eles devem fazer no caminho espiritual). 

Com base no relacionamento mais próximo entre eles a essência se manifestaria cada vez mais esplendorosa sem altos e baixos constantes e assim abrir caminho para a união de coração dos jovens ainda vivos do planeta. Virtualmente ou até em encontros presenciais, onde deve imperar o silencio interior, a vivência do momento, ritual diário etc. (base do relacionamento e decisão deles). Um novo mundo surge e jovens de todo o Planeta podem se conectar.

Começar de uma página em branco é parar de considerar sua realidade atual como certa e parar de permitir que a mente a defina para você. 

Veja que não invalido os trabalhos correntes que podem ser libertadores, PORÉM, para 31% dos Z não funciona mais – eles já passaram pelos traumas (não calcificados).

Mesmo trabalhos longos de posicionamentos corporal e meditação pode não funcionar se as couraças de Reich não forem dissolvidas, em outras palavras é subir a montanha e depois descer e ela desaparecerá se apreendeu algo ou terá que subir novamente.

Bruce Lipton lançou um trabalho no final de 2023 chamado Coherente Education, que segue algo parecido, mas penso que deveria ter mais decisões a partir dos jovens, mas é uma bela iniciativa. As Escolas diferenciadas para a educação dos pequeninos crescem exponencialmente e isso é maravilhoso.

Como dizia H. Bergson (“A evolução criadora”) no passado distante: “A evolução, não está terminada, e a ação humana foi e será fonte de maravilhas”

Para um novo trabalho ou uma nova abertura em suas estruturas os movimentos espirituais atuais poderiam abrir espaço para algo novo e a ser decidido pelos jovens 5 a 25 anos com auxílio de alguns jovens da geração Y que ainda estão vivos.

Porém, prestem atenção.

Se ao ler este artigo, ou escutar de alguém, sobre a possibilidade de um novo trabalho ou caminho com os jovens Z e vier em seu pensamento nomes de pessoas que poderiam participar como mediadores, já estará tudo errado e aí pode esquecer que não vai funcionar. Tem que ser algo totalmente novo e agora – sem lembranças de pessoas” ideais” e de ‘confiança’. 

A palavra está com os jovens de 5 a 25 anos. Eles dirão se precisam de maior relacionamento, trabalhos diários individuais, dinamização dos relacionamentos em grupos e seu alcance até países distantes no planeta.

João Carlos de Lima
Whatsapp (11) 97605-3322

Springtide Research Institute
Datafolha
A descoberta do Inconsciente, Henri F, Ellenberger