Cavaleiro Monge, de Fernando Pessoa

Cavaleiro Monge

“Do vale à montanha
Da montanha ao monte
Cavalo de sombra
Cavaleiro monge
Por casas, por prados
Por quintas e por fontes
Caminhais aliados
Do vale à montanha
Da montanha ao monte
Cavalo de sombra
Cavaleiro monge
Por penhascos pretos
Atrás e defronte
Caminhais secretos
Do vale à montanha
Da montanha ao monte
Cavalo de sombra
Cavaleiro monge
Por prados desertos
Sem ter horizontes
Caminhais libertos
Do vale à montanha
Da montanha ao monte
Cavalo de sombra
Cavaleiro monge
Por ínvios caminhos
Por rios sem ponte
Caminhos sozinhos
Do vale à montanha
Da montanha ao monte
Cavalo de sombra
Cavaleiro monge
Por quanto é sem fim
Sem ninguém que o conte
Caminhais em mim.”

Trechos de um dos conhecidos poemas de Fernando Pessoa que nos faz pensar e silenciar:

Quando, despertos deste sono, a vida,
Soubermos o que somos, e o que foi
Essa queda até corpo, essa descida
Ate á noite que nos a Alma obstrui,

Conheceremos pois toda a escondida
Verdade do que é tudo que há ou flui?

Não só de aqui, mas já de nós, despertos,
No sangue actual de Cristo enfim libertos

Ah, mas aqui, onde irreais erramos,
Dormimos o que somos, e a verdade,
Inda que enfim em sonhos a vejamos,

Fernando Pessoa muitas vezes tem seu trabalho criticado devido suas indagações sobre nosso caminho nesta vida, o próprio caminho que Fernando perseguiu.

Related Posts with Thumbnails