O verdadeiro caminho real?

Se quiser trilhar o verdadeiro caminho, lembre-se de que já está nele. O problema é querer estar nele, por onde ir, o que fazer e como fazer – assim já estará completamente fora dele. Interessante falar de algo que não podemos pegar, imaginar, pensar a respeito e muito menos trilhá-lo. Loucura? Sanidade? Não pensar em querer trilhá-lo, deixar que tudo flua – é fácil? E a partir de que ponto?

São vários passos iniciais para o verdadeiro caminho de volta para nossa verdadeira casa, longe e perto, deste mundo de contrastes gritantes e ao pensar no caminho para dentro (ou fora de tudo isso) é desvio, desvario.

Não existe um ponto inicial do verdadeiro caminho espiritual, pois todos os humanos estão em algum ponto do mesmo, tudo é experiência- seja de um lado ou do outro.

Mas, realmente começa a engrenar quando você tem a percepção de que algo não está bem em você ou alguém te dá um toque, na maioria das vezes difícil de aceitar.

Existem vários meios para o equilíbrio central do ser humano, o parar em pé, ficar firme sem estar variando de acordo com o lado para o qual o vento te leva.

Interessantes são as posições de Wilhelm Reich e a aplicação do seu conhecimento com técnica bioenergética (não estou inviabilizando outros meios), onde as couraças podem ser dissolvidas. Essas couraças surgem desde o momento da gravidez, que afetam o pequeno ser que se desenvolve e continua após seu nascimento. É de suma importância esse período até os 7 anos, no qual surgem essas barreiras – por vezes imperceptíveis no dia a dia da vida.

Assim, dissolvendo essas estruturas rígidas em nosso ser, uma nova energia circula livremente e alcançamos o que muitos dizem, um momento psicológico – equilíbrio básico. O ser humano neste ponto estará livre de pequenos problemas que o afetavam ou, em alguns casos grande rocha que trincou e desabou, por ex. num trabalho bioenergético ou de extrema compreensão interna – ao verificar que algo não estava bem e precisaria ser mudado ou dissolvido, neste caso uma tremenda força que não saberíamos definir clareou nossa visão.

E a mudança é perceptível nessa determinada pessoa, e dai ela procura um caminho alternativo de vida, enquanto toca seus afazeres diários, vida em família e no contato com todos – frise-se que ela já não é mais o mesma, pois uma humildade – que se poderia imaginar e sonhar – já faz parte do ser total.

E começa a dar importância ao silêncio que sempre bate a porta, abrindo-a e deixando-o entrar – momentos de Paz. Já começa a pensar em coisas positivas, tipo mergulhar no próprio ser, ir cada vez mais profundamente em seu trilhar interior. E a vida e relacionamentos mudam muito, a olhos vistos.

E vem o Krishnamurti, até então incompreendido em muitas coisas e nos diz que até pensar em meditar, no que meditar, querer ficar em silêncio são também aprisionamentos – pensar num tema para uma meditação ou aprofundamento interior, como queiram. Qualquer pensamento, é desvio do verdadeiro caminhar. E K frisa que o grande laboratório é a vida, que quando chegamos nesse ponto já observamos as pessoas diferentemente, já sabemos ouvir, não escolhemos pessoas para conviver mais (e até desabafar com a mesma) e que nos encha de satisfação – nada disso. É curtir seus afazeres e relacionamentos de modo totalmente impessoal e sem controle de qualquer força que seja. É realmente um ser livre, que toca a vida radiante, mas que não declara isso, e vive com todos. Até saber o que acontece após a morte é algo natural.

Palavras de K: “primeiro, devem purificar completamente sua mente de todos os elementos que se encontram no caminho – toda esperança, todo desejo de continuidade, todo desejo de descobrir o que há do outro lado. Como a mente está constantemente buscando segurança, ela possui o desejo de continuidade e anseios como meio de preenchimento, visando até mesmo uma existência futura”.

“A verdade não é algo para ser adquirido. O amor não pode surgir para aqueles que possuem o desejo de apreendê-lo ou que querem se identificar com ele. Tais coisas, por certo, surgem apenas quando a mente não está buscando, quando está completamente em silêncio, não mais criando movimentos e crenças dos quais se possa depender, ou dos quais possa obter alguma energia, o que constitui um indicativo de autoengano”.

É incrível como K tira o chão de nossos pés – no início ficamos procurando nos segurar, encontrar algo sólido para ter segurança.

O verdadeiro caminho real se inicia a partir do ponto onde não temos mais nada sob nossos pés – a verdadeira liberdade – o amor incondicional.