Penedo – Finlândia

A Finlândia é um país desenvolvido com alto nível de desenvolvimento humano, refletido pelo país possuir alguns dos melhores índices de qualidade de vida, educação pública, transparência política, segurança pública, expectativa de vida, bem estar social, prosperidade, saúde, paz, democracia e liberdade de imprensa. Suas cidades estão classificadas entre as mais limpas, seguras e com organização impecável. Interessante é que no passado muitos finlandeses saíram de seu País levando o pensamento que iniciava a passos lentos a transformação futura da Finlândia para outras terras.

O trabalho desenvolvido por Sergio Moraes Rego Fagerlande intitulado A UTOPIA E A FORMAÇÃO URBANA DE PENEDO trata da criação, em 1929, e o desenvolvimento de uma colônia utópica finlandesa no estado do Rio de Janeiro. Apresentado no Programa de Pós Graduação em Urbanismo, PROURB, da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal do Rio de Janeiro, como parte dos requisitos para a obtenção do Grau de Mestre em Urbanismo.

Tudo um dia muda e segundo o trabalho do Sergio a antiga fazenda foi vendida. E mesmo com o final da utopia urbana sonhada, a comunidade manteve alguns ideais, como a importância da ecologia prevista ainda em seu projeto inicial, simbolizada pelas matas plantadas pelos imigrantes. Penedo existe até os dias de hoje, como um pacato lugarejo, onde a natureza e as tradições finlandesas são preservadas, atraindo grande número de turistas. Transformaram a paisagem da fazenda (origem de Penedo) – de um local já sem vegetação num lugar agradável, com florestas e muito verde.

E como foi todo esse trabalho, segundo Sergio:

 “Neste trabalho se pretende estudar a formação da colônia finlandesa de Penedo, localizada em Itatiaia, sul do estado do Rio de Janeiro, que foi fundada em 1929 por um grupo de jovens vegetarianos liderados por Toivo Uuskallio. A dissertação tem por objetivo resgatar o estudo do pensamento utópico no campo do urbanismo no início do século XX e sua transposição para o Brasil através da formação da colônia finlandesa.

Resultado de imagem para fotos penedo, rj

Havia a preocupação de Uuskallio com a natureza, não somente com relação aos hábitos vegetarianos, mas também com relação à poluição dos rios e preservação das matas, como demonstra o Projeto Habitacional. Outro ponto importante com relação ao projeto urbano é a intenção de fazer uma grande via em forma de reta, substituindo o antigo caminho de acesso à sede da fazenda sobre os morros, indo do pátio defronte ao Casarão até a Estação de Estrada de Ferro de Marechal Jardim, existente junto ao Rio Paraíba. Essa via marcou definitivamente a implantação urbana de Penedo, mesmo não tendo sido completada, e atualmente parte dela é a principal artéria viária de Penedo, a Avenida das Mangueiras. Nesse período de vida comunitária, de 1929 a 1942, foram construídas as fundações de seis casas, dentro desse Projeto Habitacional, todas de acordo com o projeto de Uuskallio, A partir da leitura de outros autores finlandeses, em especial Teuvo Peltoniemi (1986) com seu livro Kohti parempaa maailmaa (Em direção a um mundo melhor), e seus textos sobre emigração finlandesa para o Canadá e Estados Unidos (PELTONIEMI, 1987), e especialmente a partir de seus textos da exposição sobre as colônias utópicas finlandesas, foi possível constatar alguns fatos importantes, como o de que Penedo não era um caso isolado.

A questão da emigração dos finlandeses adquiriu relevância e, em 1902, o número de emigrantes para a América do Norte foi de 23.152, formando uma onda migratória que levaria 271.120 pessoas para os EUA e Canadá entre os anos de 1893 e 1919, um número significativo para um pequeno país (ENGELBERG, 1942). Em termos de movimentos culturais a Finlândia, mesmo sendo um país periférico da Europa, sempre teve muito contato com os centros europeus. A Suécia era um país bastante importante da Europa, especialmente até o século XVIII, e a criação de uma universidade em Turku, Finlândia, ainda no século XVII, demonstra a importância dada à cultura.

A música, com Jean Sibelius, pintura e especialmente arquitetura foram parte de um movimento bastante importante que renderia expoentes da arquitetura mundial, como Alvar Aalto, Eliel e Eero Saarinen. Uma experiência precursora de Penedo, pois seria realizada por alguns de seus futuros fundadores, foi a da Sociedade Paradiso em 1925, empreendimento vegetariano na Riviera Francesa, que não foi adiante por problemas financeiros (PELTONIEMI, 1986). Essa experiência, ainda situada na Europa, é mais uma prova desse movimento em busca de lugares ao sul. Era muito grande, naquele momento, o interesse dessas pessoas por alternativas de vida, na Finlândia. Os ideais variavam de socialismo, nacionalismo, cristianismo, teosofia, vegetarianismo e também quem buscasse por fortuna ou novas chances de trabalho.

No livro escrito por Toivo Uuskallio, o fundador de Penedo, chamado de Na viagem em direção à magia do trópico, nome que simboliza essa procura (FAGERLANDE, 1998a). Durante esse período os finlandeses patrocinaram algumas outras experiências comunitárias, especialmente nos EUA, como a de Redwood Valley, com The Finnish Colony Inc., que durou de 1913 a 1922. Eram fazendas que, a exemplo de Penedo, tinham projetos de uma comunidade idealizada, mas que não foram adiante. A última experiência conhecida de colônia utópica finlandesa é a criação de um kibbutz em Israel, fundado por cristãos finlandeses em 1971, por um finlandês que havia participado da experiência de Penedo, Martti Kurki (PELTONIEMI, 1986). Dentre as muitas experiências utópicas, Koivukangas e Peltoniemi consideram as mais importantes as de Sointula, no Canadá, Colônia Finlandesa na Argentina e Penedo, no Brasil, sendo a de Penedo a que permanece até os dias de hoje com presença finlandesa.

A alimentação inicial de Uuskallio e Suni era composta basicamente de feijão e arroz, depois acrescentando legumes e verduras cozidas. Não se comia carne em hipótese alguma, e os finlandeses sentiam falta de batatas, tão comuns naquele país. Em seu lugar comiam às vezes batata doce, milho, aipim, tomates e as verduras que vinham da horta, como alface, repolho, cenoura, sem temperos, como limão ou azeite (VALTONEN, 1998). Segundo Melkas (1999) havia sempre feijão, arroz, gordura de coco e mingau de milho. Faziam pão de milho, na falta de outra coisa, e as frutas disponíveis eram bananas, pois as demais ainda não eram cultivadas na fazenda, e muito caras para serem compradas. Todos sentiam falta de frutas e pão, e mesmo sendo vegetarianos, de manteiga, queijo ou leite. O leite e seus derivados não existiam devido à rigidez de Uuskallio, que tinha mandado embora as vacas na compra da fazenda, pois segundo ele, leite não fazia bem à saúde dos seres humanos. Falava da necessidade de se comer comida vegetariana, pois seriam os alimentos vindo diretamente da natureza, não havendo necessidade de se matar nenhum ser vivo.

 Criaram o Clube Finlandês onde se dançava antigas danças finlandesas como polka, jenka, humppa e também valsas e tangos.

A influência dessa liberdade na formação urbana de Penedo pode ser verificada ao se perceber que, apesar de terem um vinculo religioso, num sentido mais amplo e filosófico, não fazia parte do plano urbano de Penedo a construção de templos”

E com Penedo está ligado em sua origem à Finlândia, tem um lugar agradável chamado a Casa do Papai Noel:

Casa das Pedras no centro de Penedo:

Penedo é um bairro da cidade Itatiaia. Você pode ir passear no Parque Nacional de Itatiaia, que é muito perto. Foi o primeiro Parque Nacional criado no Brasil. A estrada está razoável. Outra opção é ficar hospedado dentro do Parque Nacional (O que está melhor localizado é o Hotel Ypê Amarelo). A estrutura de Penedo é melhor para se ficar.

Mais informações você encontrará no site Penedo.org: O Sonho de Toivo Uuskallio.