Geave Peace a chance – 2

E continuamos falando sobre a possibilidade de dar uma chance para a Paz. Sempre estamos procurando fora de nós a solução, não percebemos que tudo que ocorre externamente é para nos aperfeiçoarmos internamente, e traduzindo em miúdos:  o perceber que a atitude de outros é reflexo de nós mesmos. E quantos nos alertaram e continuam alertando, dando dicas preciosas que precisam de ouvidos que realmente saibam ouvir.

Leo Tolstoi:

Homens desvirtuados e miseráveis como você se fizeram soldados, soberanos, proprietário, capitalistas, cometem violências contrárias a sua própria razão e a teu coração, sua vida baseada na desventura alheia ao invés de cumprir o único real dever de tua vida – reconhecer e professar a verdade. Finges não reconhecê-la e a ocultas de ti mesmo e dos outros. E como o fazes? Sabendo que poderá morrer a qualquer momento, assinas sentenças de morte, declaras a guerra, julgas e exploras os operários, vives no luxo em meio a pobreza.  O que é racional e certo: servir o reino de Deus – colaborar para o restabelecimento da união entre todos os seres vivos, possível na verdade que deve ser revelada, o que está  ao nosso alcance.

O único sentido da vida é servir a humanidade, colaborando para o estabelecimento do reino de Deus, o que não poderá ser feito se cada um dos homens não reconhecer e não professar a verdade. “A vinda do Reino de Deus não é observável. Não se poderá dizer: ‘Ei-lo aqui! Ei-lo ali!’ pois eis que o Reino de Deus está em vós.” (Lc 17, 20-21)

Interessante que Tostoi inspirou outros com seu realce a necessidade de não combater o mal com o próprio mal, seja nos seu livro Guerra e Paz, ou o Reino de Deus está em vós. Um desses homens foi Gandhi que fez uma revolução silenciosa na sua Índia e que funcionou por pouco tempo até cair como tudo na alternância dialética deste mundo: da guerra a Paz, da Paz a guerra.

E Gandhi, baseado nas fortes experiências pelas quais passou nos alerta:

  • Seja a mudança que você deseja para o mundo.
  • Aquele que não é capaz de governar a si mesmo, não será capaz de governar os outros.

Jung constatou: o livre-arbítrio constitui um problema sério, não somente filosoficamente como também do lado prático: raramente encontramos pessoas que não sejam dominadas por suas inclinações, hábitos, impulsos, preconceitos e ressentimentos de toda espécie.

A afirmação de Jung mostra que somos prisioneiros de nós mesmos e causamos um estrago grande, bastando ter poder para tal.

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Vamos considerar também o que diz Teal Swan:

Muitos conselhos espirituais nos dizem que os aspectos físicos e emocionais não são importantes, importa apenas a pura consciência – tudo o resto é ilusão. Mas cada vez mais percebemos o quanto todas essas camadas internas tem significado. Eu tenho um grande problema com o fato de que as pessoas fazem uma grande separação em si mesmo. As pessoas realmente acreditam que a alma é separada de todos esses aspectos de um ser humano. A alma é de fato o que é expresso por essas várias camadas. Mas é a alma que se expressa como o físico, emocional e como o mental. Não se pode olhar para o nível emocional, sem olhar para a alma através deles. Não se pode olhar para o corpo físico, ao mesmo tempo sem ver a alma.

Podemos imaginar a alma como uma luz que brilha através de uma janela. E a janela está coberta de sujeira e detritos. A cura é a experiência de remover os detritos que obscurecem a luz da alma. Isso pode ser no nível mental, emocional ou físico.

O ego deve se tornar uma ferramenta de expressão para a alma.

Nos privamos de um entendimento mais profundo da riqueza, se tentarmos ser uma ilha para nós mesmos. O que nos dá tanta dificuldade para realmente entender isso, é o fato de que a verdade universal é diferente da verdade relativa aqui nesta realidade temporária. A realidade universal é a unidade. Temos de perceber que nós somos infinitamente poderosos e totalmente dependentes, ao mesmo tempo. E isso é um dos principais desafios da espiritualidade de hoje.

O mundo moderno de hoje é construído sobre a pretensão, em vez de autenticidade. Quando um ser humano é forçado a caber em uma sociedade, conformando com os ideais sociais, suas emoções são reprimidas e eles perdem o contato com o seu próprio ser autêntico, bem como seu conhecimento inato do universo em geral. Eles começam a “fingir” ser uma forma quando a realidade de quem eles são e como eles sentem é completamente o oposto. Às vezes, essa pretensão é tão profunda que as pessoas são enganadas por sua própria ilusão. Guerras são travadas porque as pessoas são incapazes de admitir e abraçar o seu medo e tristeza. Assassinatos são cometidos porque as pessoas não estão dispostas a enfrentar a impotência que sentem. Vivemos em uma época de repressão, onde os sintomas da doença fundamental são anestesiadas e jogadas para fora da nossa consciência. Estamos tão ocupados mantendo a fachada que perdemos a oportunidade de crescimento pessoal real. Nós estamos, em essência, vivendo em uma época de iluminação. Emerge convidar as pessoas para a etapa em sua plena autenticidade, sabendo que isso vai trazer a mudança positiva que queremos ver no mundo.

E lembramos Ouspensky, que procurava uma resposta para o envolvimento dos homens em tantas desavenças, completamente iludidos e sem alegria para viver. Sem consciência da situação em que se encontram:

Continue a observar e descobrirá que há um lugar em ti que está tranquilo, calmo, e nada pode perturbar, mas é difícil achar o caminho que leva a ele. Porém, se perseverar será capaz de se lembrar de alguns dos passos e, por meio deles, poderá encontrar novamente esse caminho – não pode fazê-lo após uma única experiência, pois não se lembrará do caminho. Esse lugar tranquilo não é uma metáfora, é uma coisa muito real.

E o autor de um dos livros mais vendidos nos EUA – O alquimista, Paulo Coelho diz:

Bom, basta observar os sinais.
Quando alguma coisa está para acontecer
ou chegar até sua vida,
pequenas manifestações do cotidiano
enviarão sinais indicando o caminho certo.
Pode ser a palavra de um amigo,
um texto lido, uma observação qualquer.

Tente observar melhor o que está a sua volta.
Com certeza alguns desses sinais
já estão por perto e você nem os notou ainda.
Lembre-se, que o universo sempre
conspira a seu favor quando você possui um
objetivo claro e uma disponibilidade de crescimento.

Cada vez ficamos mais conscientes que realmente é impossível a Paz neste mundo do dialético poder onde vivemos se não nos voltarmos para nosso ser interior, nossa alma que precisa ser renovada.

E Rudolf Steiner poeticamente nos esclarece:

A luz do sol, Passada a noite, Veio clarear o dia. A alma acorda Com força nova Do sono que dormia. Tu minha alma, Dê graças a luz, Pois dentro dela O poder do sol reluz. Tu minha alma, No dia a ressurgir, Tu sejas capaz de agir.

E fala ainda da Dança da paz:

Germinam desejos da alma
Crescem ações do querer
Amadurecem frutos da vida.

Minha alma e o mundo são somente um.
A vida, fica mais clara ao meu redor,
A vida, fica mais difícil para mim,
A vida, fica mais rica em mim.

Aspire a Paz,
Viva em Paz,

Ame a Paz

A Paz interior e verdadeira é possível sim, cada vez fica mais evidente de que a Paz está ao nosso alcance. Não haverá mais guerra? Depende de nós mesmos e sem esperar que outros o façam primeiro.

E a luta dentro do ser, como Fernando Pessoa:

Pedras no caminho? Guardo todas, um dia vou construir um castelo…

Não sei sentir-me onde estou.
Por isso, alheio, vou lendo
Como páginas, meu ser.

Quanto mais unificadamente diverso, diversamente atento,
Estiver, sentir, viver, for,
Mais possuirei a existência total do universo,
Mais completo serei pelo espaço inteiro fora.

E pergunta Pessoa:

Valeu a pena?
Tudo vale a pena Se a alma não é pequena.