HOMELESS

HOMELESS

Ao caminhar por dowtwon Miami, aonde aluguei apartamento, o encontro com homelles é constante, pontual e de certa forma familiar. São muitos, reconheço rostos e seus espaços. Só não os diferencio pelo cheiro da urina forte que carregam junto com suas mochilas, sacolas, malas…Um deles me chama a atenção, usa um chapéu tipo cangaceiro, não tem odor ruim e passa o dia sentado num banco na R  Fittipaldi com Brickell, um pouco mais distante,  mas meu trajeto diário.  Sob o sol forte sua pele se bronzeia. É educado e me diz good morning diariamente quando passo. Com um sorriso…O encontro várias vezes no Publix. Comprando? Ou procurando por ar condicionado? Seu olhar é doce, e as vezes me pergunto , estará pensando em alguém? Não me parece embriagado, tampouco drogado. Quase amigo, infantil. Me pego preocupada quando desaparece.

Embaixo do meu prédio tem um senhor, fala bastante  e não te deixa só na espera do Uber . Não incomoda. Outro que caminha muito no Byfront e tem as pernas muito grossas e pesadas, geralmente fica sem camisa a se bronzear. São muitos rostos diurnos e outros tantos noturnos. Encontros inesperados no Metromover…e cada um carregando suas histórias em sacolas plásticas. Pela noite se enfiam nos buracos das entradas das lojas e sob as marquises….Fazem sua cama e conversam nos celulares. Recebem pizzas inteiras dos moradores mais sensíveis.

Convívio mais harmonioso e nada violento se comparado com os mendigos no Brasil. Embaixo das muitas pontes alguns conversam com seus vizinhos sentados em sofás. Outros desmaiam depois da bebedeira, outros têm olhar desafiador, outros te encaram. Mas caminho tranquilamente entre eles, não tem assalto, nem pavor, mesmo com algumas exceções.

Apenas desconforto por não entender…da vida!

Uma senhora bem vestida fez moradia perto do Miami Dade College há algum tempo. Sentada numa cadeira de rodas com guarda sol, era bem quista por todos. A polícia a removeu várias vezes, mas sempre voltava. Sumiu…  tento apagar a sua imagem da minha memória.

Na maioria são solitários e raramente se sente cheiro de desejo no ar. São muito carinhosos com as crianças  e tentam um contato mais próximo sempre evitado.  Como aquela mulher que caminhava em nossa direção, com uma mala. Se aproximou com um sorriso e, falando com minha neta abriu essa mala. Dentro, um brinquedo de pelúcia da Banana de Pijama, grande e ainda embalado por plástico. Gentilmente e desapegadamente deu a Banana  para a minha neta, já encantada pelo novo boneco. Assim…este companheiro de pelúcia é o seu predileto. O arrasta pela casa pelo dia…e o abraça fortemente pela noite ao dormir. Eu agradecida pelo acaso… pelo inesperado… pelo surpreendente! Pelo único momento…Que seus sonhos sejam doces querida homeless!

Vovó Loira

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WHAT DO I DO NOW?

“WHAT DO I DO NOW?

In this big world…

Grandmother and little girl..

Como muitos ela (vovó)  estava decidida…mudar de país…Miami, right here…Maiami, logoly…

Aposentada no Brasil foi se reinventar e desfrutar da companhia da neta, presente divino e motivador . Sabedora das dificuldades que iria encontrar , mas determinada a vencer! Tirando o impacto com o valor real do real e sua desvalorização frente ao dólar forçando a busca  por emprego de imediato, a dificuldade com a língua lhe causou desconforto imensurável. Não somente nas entrevistas em que não entendia nada do que lhe era dito ( contrariando a idéia de que o Spanish seria a língua dominante ) , mas principalmente nas preciosas horas de convívio com a neta. Essa menina encantadora de três anos também estava engatinhando no be- a- bá.  

Encontro de aprendizagem mútua…Vovó aprende inglês…neta aprende inglês, espanhol e português. Em casa seus pais falam português e inglês, na escola seus amigos falam espanhol e a professora … inglês. E a vovó fala português misturado com inglês e espanhol. Mas a pequena menina optou pelo inglês, lhe é mais confortável dentro desse caos. Demorou pouco para se soltar falando um inglês pontuado por frases ainda incompletas , mas entende sua avó nas conversas em português.

A sua repetição tão importante nessa fase é perfeita. E a idade lhe favorece. Diferente da avó , que repete sete vezes a mesma palavra, e cinco minutos depois já não a lembra.

Conselho da fono: não misturem português com um inglês mal falado, é melhor  conversar em português somente. E diante desse conselho a avó tenta não misturar, mas a neta inverte, e tenta lhe ensinar.

Oi ! Hello ! Sorry ! Welcome! Pool! Beach ! I’m sad ! Toys ! Monster ! My Good! Vovó precisa aprender inglês !!! Que nó ! What do not ! What do I do now????

A vovó tem cartas na manga, tem sabedoria e histórias, supera obstáculos com mimos bem administrados e infinito afeto…amor profundo! Cantar, dançar cantigas de roda, banhos, ler livros, pular corda, pintar… juntas…with love!!!!

A linguagem é a do amor!!!”

Vovó Loira

Vovó Loira e suas aventuras em Miami

Estaremos publicando o primeiro texto, aqui no Miami Logoly (Miami logo ali), da nossa correspondente e parceira Vovó Loira diretamente de Miami. Relatos de uma brasileira que foi para Miami, para ficar mais perto de sua netinha, sobre suas experiências nesse novo ambiente, um local bem diferente do restante dos EUA.

Vamos lá!