Amar é…

Amar!

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Eu quero amar, amar perdidamente!
Amar só por amar: Aqui… além…
Mais Este e Aquele, o Outro e toda a gente
Amar!Amar!E não amar ninguém!

Recordar? Esquecer? Indiferente!…
Prender ou desprender? É mal? É bem?
Quem disser que se pode amar alguém
Durante a vida inteira é porque mente!

Há uma Primavera em cada vida:
É preciso cantá-la assim florida,
Pois se Deus nos deu voz, foi pra cantar!

E se um dia hei-de ser pó, cinza e nada
Que seja a minha noite uma alvorada,
Que me saiba perder… pra me encontrar…

A poesia de Florbela Espanca

Mente, meditação, Paz, auto-conhecimento

Khrisnamurti nos brinda com mais auxílio:

Uma mente torturada, frustrada, moldada pelo que a rodeia, que se conforma à moral social estabelecida é, em si própria, confusa; e uma mente confusa não pode descobrir o que é a Verdade. Para a mente descobrir esse estranho mistério — se tal coisa existe — ela precisa de construir as bases de uma conduta moral, o que não tem nada a ver com a moralidade social, uma conduta sem medos e, portanto, livre. Só então — depois de lançada esta base profunda — a mente poderá prosseguir no sentido de descobrir o que é meditação, essa qualidade de silêncio, de observação, no qual o “observador” não existe. Se esta base de conduta correta não está presente na existência de cada um, na sua ação, então a meditação tem muito pouco significado.

Meditação é o perceber total de cada movimento do pensamento, e jamais negação dele; quer dizer, é deixar cada pensamento “florescer” livremente: pois só em liberdade pode o pensamento “florescer” e terminar. Assim, com esse trabalho (se isso se pode chamar “trabalho”) ou, melhor, com essa observação, a mente tudo compreende. Está então quieta, sabe o que realmente significa “estar quieta”, estar verdadeiramente tranquila.

A paz é essencial, porque só na paz pode o indivíduo florescer em bondade e beleza. Essa possibilidade só existe quando somos capazes de escutar o todo da existência, com todas as suas agitações, aflições, confusão e angústias — escutá-lo, simplesmente, sem nenhum desejo de alterá-lo. O próprio ato de escutar é a ação que operará a revolução.

O autoconhecimento não pode ser aprendido de outrem. Eu não posso lhes dizer o que ele é. Mas pode-se ver como a mente opera, não apenas a mente que está ativa todos os dias, porém a totalidade da mente — a mente consciente e a mente oculta. Todas as numerosas camadas da mente têm de ser percebidas, investigadas, mas não pela introspecção. A autoanálise não revela a totalidade da mente, porque há sempre a separação entre o analista e a coisa analisada. Mas se puderem observar as operações da sua mente, sem tendência para julgar, avaliar, sem condenação ou comparação — observar, simplesmente, como se observa uma estrela, desapaixonadamente, tranquilamente, sem ansiedade — observarão então que o autoconhecimento não depende do tempo, não é processo de penetração do inconsciente com o fim de remover todos os “motivos” ou de compreender os vários impulsos e compulsões. O que cria o tempo é a comparação, não resta dúvida; e porque nossa mente é resultado do tempo, só pode pensar em termos de mais — sendo isso o que chamamos progresso.

Pelo falso descobrir o verdadeiro

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É o amor? O que é o amor? Perdemos tempo? Ainda dá tempo? Existe o tempo? Ou só o agora?

E Khrisnamurti nos indica:
Quero também descobrir o que é amor. Desse modo, condicionada que é a desejar prazer, gratificação, satisfação e, por isso mesmo, a resistir, minha mente percebe tudo o que o amor não é. O que é amor? Para descobrir o que é, temos de negar, eliminar completamente o que não é. Pela negação, chegamos ao positivo; não procurem o positivo; só podem ir a ele compreendendo o que não é. Assim, se quero descobrir o que é a verdade, sem saber o que ela é, devo ser capaz de ver o falso. Se não tiver a capacidade de perceber o falso, não posso ver o que é a verdade. Portanto, preciso descobrir o falso. O que é falso? É tudo que o pensamento engendra – psicologicamente; não, tecnologicamente. Foi assim que o pensamento criou o eu, o ego, com suas memórias, agressividade, separatividade, ambição, competitividade, imitação, medo e recordações – tudo isso foi o pensamento que engendrou. E foi o pensamento também que criou inúmeros engenhos maravilhosos. Portanto, o pensamento, na condição de eu, que essencialmente não é nada, é falso. Quando a mente vê o falso, então, surge a verdade. Assim também, quando a mente indaga, em profundidade, o que é amor, sem dizer que é “isto” ou “aquilo”, mas simplesmente indaga, nesse caso ela pode ver o que não é e descartar, completamente, o falso, pois, do contrário, não descobriremos o real. Assim, o amor não é produto do pensamento, que é prazer. Como já dissemos, o pensamento é velho, não é livre, provém do passado, e, por isso, nenhuma relação tem o amor com o pensamento. Como sabem, adoramos explicações e teorias, satisfazemo-nos com filosofia especulativa e somos levados por tudo que implica desperdício de tempo e energia. Precisamos enfrentar o que de fato é: a miséria, a pobreza, a poluição, a desastrada divisões entre povos e nações, as guerras que nós, os seres humanos, já promovemos – pois elas não surgiram por milagre; todos somos responsáveis por tudo isso: eis o que temos de enfrentar.”

 

 

 

 

 

Jacob Boehme, o que nos aprisiona

E Jacob Boehme indica num dos seus livros:

“Sobre o auto-conhecimento diria que nada é mais necessário e útil ao homem neste vale de lágrimas sobre a terra do que conhecer a si mesmo. De onde vem, onde vai pós morte, onde que ir, o que aspira. Quem ama o reino dos céus que preste atenção em si mesmo. Deves deixar de lado tudo o que há neste mundo, por mais reluzente que seja, e mergulhar em si mesmo, liberar o que te prende neste mundo. Imagens que atrapalham: orgulho- desejo de poder, autoridade e honras; cobiça- quer tudo para si; inveja; cólera ou ira-  ataque no desejo de justificar-se; paixões animais.”

É, Boehme é muito duro nas suas afirmações. E como seria hoje, por exemplo, falando da vontade que nos move e resumindo o que nos disse acima Boehme – Khrisnamurti em uma de suas palestras disse:

Necessitamos de muita energia, vitalidade e empenho para realizar uma transformação radical em nós mesmos. O fato é que desperdiçamos muita energia tagarelando, cultivando incontáveis opiniões sobre as coisas, convivendo com fórmulas e conceitos, e num infindável conflito interior. O que vemos é que os seres humanos desperdiçam energia – em disputas, ciúme, ansiedade, na interminável busca de prazer. É claro que isso é perda de energia. E não será também perda de energia manter opiniões e crenças sobre as coisas – o comportamento dos outros, o que os outros devem fazer etc.? A vontade, contudo, independe do fato. Vontade é afirmação pessoal, do “eu”, sem levar em conta “o que é”. Vontade é desejo; é a manifestação do desejo. Nessa afirmação de resistência do desejo, como vontade, que nenhuma relação tem com o fato, mas depende do desejo pessoal, do eu, vivemos superficial ou profundamente. A vontade é uma forma de resistência, divisão. A vontade pertence à velha cultura que envolve ambição e desejo, auto-afirmação e agressividade do eu. Para que haja um modo de viver inteiramente diferente, precisamos compreender a questão básica: pode haver ação livre de fórmulas, conceitos, ideais ou crenças? A ação que se baseia no conhecimento, isto é, no passado e, portanto, condicionada, não é, de fato, ação. Sendo condicionada pelo passado e dependendo dele, só pode provocar discórdia e, desse modo, conflito. Por conseguinte, quero ver se é possível um tipo de ação livre de vontade e escolha. Pode haver ação livre de tudo isso de modo que a mente viva neste mundo, utilizando o conhecimento e, ao mesmo tempo, livre das limitações do conhecimento?

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E continua Khrisnamurti:

Assim, a mente precisa aprender a olhar. Para mim, esse é o problema básico. Mas pode essa mente, produto do tempo, de culturas diversas e diversas experiências e conhecimentos, pode essa mente olhar com olhos descondicionados? Pode ela funcionar livre de seu condicionamento? Por conseguinte, preciso aprender a olhar para o meu condicionamento sem qualquer intenção de mudá-lo, transformá-lo ou transcendê-lo. Preciso ser capaz de olhá-lo como ele é. Se quiser mudá-lo, volto a agir pela vontade. Se quiser fugir dele, ainda estou resistindo a ele. Se aceito uma parte e rejeito a outra, isso ainda significa escolha. E escolha, como já frisamos, é confusão. Posso, portanto, pode esta mente olhar sem qualquer resistência, sem qualquer escolha? Posso olhar as montanhas, as árvores, meu vizinho, minha família, os políticos, os sacerdotes sem qualquer imagem? A imagem representa o passado. Por conseguinte, a mente tem de ser capaz de olhar. Quando olho o que é em mim mesmo e no mundo, sem resistência, então, graças a esta observação, ocorre uma ação imediata que não resulta da vontade. Entendem?”

 

Boehme, a eternidade

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Boehme nos mostra em suas obras que existe uma esfera de vida original, o princípio e a eternidade, para onde tudo voltará.

O que é o eterno, Deus – e Boehme responde:

  • O que é eterno, no entanto, não pode ter fim, porque não tem começo. Tudo o que tem início, porém, é finito e expira

  • Assim como o Sol desponta e brilha até se por, da mesma forma Cristo brilha em todos os cantos e recantos. Sua essência é a eternidade. Ele não está preso a nada, pois está no Pai…

  • a nova terra será transparente como um mar de cristal, através do qual todas as maravilhas do mundo serão vistas com muita clareza, porque o esplendor de Deus será sua Luz. Ali não tem morte, temor, tristeza nem enfermidades

 

Existe uma caminho de volta para o eterno, para a vida real:

  • Todos tiveram a liberdade de sair, pois o sol da justiça brilhava desde a nascente até o poente. Se alguém mergulhou profundamente nas trevas, Deus não tem culpa. A lei de Deus está gravada em nosso coração, assim como o caminho para a vida.

  • Deus nos envia profetas e mestres, a quem dá seu espírito, a fim de que eles vos advirtam…

Jacob Boehme, abrindo caminho

Quem foi Jacob Boehme?

Jacob Bohème, era considerado o príncipe dos filósofos.

Principe por ser o primeiro, caminho para outros – “Príncipe dos Filósofos Divinos” – Leibniz, Hegel, Silesius, Goethe, etc. seguiram os ensinamentos de Boehme.

Boehme nasceu em 1575 na aldeia de Alt Seidenburg (Alemanha divisa coma Polônia), numa família pobre e honesta. Estudou até os 14 anos, e dpois sua profissão foi de sapateiro em Gorlitz. No ano de 1600 teve a revelação da estrutura espiritual do mundo, assim como as relações entre o Bem e o Mal. Foi acusado por um pastor e expulso da cidade, e disse na ocasião (antes do lançamento do primeiro livro – publicação de partes do livro): “Embora sofra profundamente o terrível ódio do pregador sei que o antagonismo é necessário e não pode ser evitado”. Ele compreende que Deus utiliza o pastor para que ele possa levar adiante sua obra, pois ao ser caluniado, Boehme cresce e se fortalece. Assim deseja a misericórdia de Deus para o Pastor. Seu primeiro livro Aurora Nascente é uma das obras máximas do Ocidente, uma grande porta aberta através da qual é possível vislumbrar o esplendor do conhecimento divino. Faleceu aos 50 anos e no leito de morte perguntou ao filho se ele também ouvia a bela música. Pediu para abrirem as janelas para ouvir melhor. Agora parto para o Paraíso. Toda sua obra transmite a ideia da divina onipresença.

Boehme disse:

  • Sem a terra negra não se manifesta a flor bela e perfumada, sem pedra dura e escura e vapor tóxico não há ouro, da mesma forma que sem trevas não há Luz, pois esse é o único caminho e a única maneira da revelação de todos os segredos de Deus.

 

Herman Hesse sobre Boehme

” Na verdade Jacob Boehme não pode de modo algum ser lido quando nos falta a atitude correta. Quem encontra maior dificuldade é o leitor culto e ilustrado. Pode-se dizer que sua leitura exige as mesmas condições que a experiência mistica: requer um esvaziar-se prévio, uma atenção completamente livre e uma quietude de alma.” Herman Hesse

Herman Hesse foi Nobel de Literatura

– do livro A sabedoria divina da editora Attar, tradução de Américo Sommerman

Existe um caminho a seguir…

um caminho interior, a partir do momento em que não existam mais respostas.

Primeiro ponto é romper com as estruturas interiores calcificadas pela incompreensão. Seguir seu caminho no dia a dia, mas manter uma esperança, uma luz acesa. Caminho para a realidade, o despertar da consciência espiritual adormecida.

Observação – não dá para entender proibirem a divulgação deste vídeo onde são mostrados fatos importantes na vida Khrisnamurti. O homem da liberdade. E no vídeo abaixo, proibido de divulgar faz parte um discurso onde dissolve a ordem a qual pertencia. Verificou que adoravam um ídolo externo ao contrário de se voltarem ao seu interior. Não adorar e sim libertar.

E que termina assim:

Essas são, portanto, algumas das razões porque, após cuidadosa consideração durante dois anos, eu tomei esta decisão. Não foi um impulso momentâneo. Não fui persuadido a isso por ninguém. Não me persuadem em tais coisas. Durante dois anos tenho pensado sobre isto, morosamente, cuidadosamente, pacientemente, e agora decidi dissolver a Ordem, uma vez que aconteceu ser eu seu Dirigente. Vocês podem formar outras organizações e esperar por outra pessoa. Não estou preocupado com isso, nem com a criação de novas prisões, novas ornamentações para esses cárceres. Meu único interesse é tornar o ser humano absolutamente, incondicionalmente livre.

Veja a íntegra desse discurso que abriu caminho para todos: http://www.jkrishnamurti.org/pt/about-krishnamurti/dissolution-speech.php